sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Afinal Não Faz Muito Frio Em Marte

      Não faz tanto frio em Marte como se esperava. Na cratera Gale, a temperatura oscila entre os 71 graus negativos e os 11, também negativos. É o final do inverno em Marte e estas são as primeiras medições que o robô Curiosity envia para a Terra.  
      As medições da temperatura, pressão e humidade do ambiente estão a cargo da estação meteorológica REMS, um dos instrumentos do robô Curiosity. Para já, sabe-se isto: na cratera Gale, a temperatura vai dos 71 aos 11 graus abaixo de zero, a humidade ronda os 8%, um valor muito baixo, faz sol, a pressão é um pouco mais alta do que o normal e sopra um vento de noroeste.  
      Estes dados foram apresentados pelo responsável da REMS, o espanhol Javier Gómez Elvira, que adiantou ainda que um dos sensores de vento se avariou, provavelmente, durante a aterragem em Marte, referindo: "A nossa equipa acredita que alguns filamentos da placa do circuito estão abertos, provavelmente rompidos e, depois de alguns dias de análise, pensamos que se trata de um dano permanente. O sensor funcionou perfeitamente durante a viagem de oito meses a Marte e o dano foi causado durante ou após o pouso, no entanto, o segundo sensor está plenamente operacional, não detetamos qualquer outro problema com os instrumentos até o momento.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Arte da Tauromaquia

      Há quem veja nas touradas arte, tradição e cultura.  
      E tu que vês? 

  

  

  

  

   

      “As corridas de touros foram uma atividade lúdica comum a vários países europeus durante a idade média. A maioria desses países aboliu este tipo de espectáculos sangrentos por volta do século XVI, por se tratarem de eventos cruéis e impróprios de nações civilizadas. Atualmente as touradas são proibidas em diversas nações europeias como a Dinamarca, Alemanha, Itália ou Inglaterra. 
      Infelizmente, estas práticas mantiveram-se em Espanha, sendo daí exportadas para Portugal, onde foram alvo de várias restrições e até proibidas em 1836. Por constituírem uma importante fonte de receita para a Casa Pia de Lisboa e para as Misericórdias, as touradas foram novamente autorizadas apenas para fins benéficos, mas acabaram por se transformar num evento comercial lucrativo para um pequeno grupo de empresários tauromáquicos, nunca perdendo a ligação às suas verdadeiras origens, evidenciada nos trajes, nas lides, no vocabulário e até na música que se ouve nas praças.  
      As corridas de touros constituem nos dias de hoje um espectáculo anacrónico, violento e um mau exemplo, em particular para as crianças e jovens, em relação à compaixão e respeito que todos devemos evidenciar pelos animais. 
      Não é aceitável que a nossa sociedade em 2012 continue a aplaudir o derramamento de sangue e o desprezo pela vida evidenciado pelos “artistas” nas arenas, assim como não é admissível que no panorama atual, vários milhões de euros das nossas finanças públicas, sejam canalizados para a criação de animais para entretenimento, construção de praças de touros, aquisição de bilhetes para touradas, subsídios, etc.”  
           Extrato retirado de: http://nunoanjospereira.wordpress.com/ 

 

  

  

  

  

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

40 Tiros para 1 só Homem

      Já há mais de um mês que Milton Hall, um sem-abrigo e doente mental, foi fuzilado na via pública por 6 polícias.  
      Ocorreu no dia 1 de julho, três dias antes das comemorações nos EUA do Dia da independência.  
      Este acontecimento passou um pouco desapercebido até que agora surgiu um vídeo amador de alguém que assistiu e decidiu colocá-lo na Internet, tornando assim mundial o problema local.  
      Os seis agentes responsáveis terão disparado cerca de 40 (não um nem dois, nem três… mas quarenta) tiros.  
      Milton Hall recebia uma pensão de invalidez e tinha 49 anos de idade.  
      A sua mãe, Jewel Hall, afirmou em entrevista a um canal de televisão norteamericano que «havia outra saída». «Não tinham de o matar. Ele não tinha feito nada, não era violento. Não era um assassino, não era um criminoso», acrescentando que os agentes da autoridade pareciam «um pelotão de fuzilamento».  
      Há mais de 30 anos que Milton residia na localidade de Sanginaw e, segundo a mãe, «Toda a gente o conhecia, até a polícia». 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

"I Have a Dream"

      Num dia como o de hoje (28 de agosto) mas de 1963 (há 49 anos), terminava em Washington (EUA) a grande marcha pela igualdade dos direitos cívicos, com cerca de 200 mil pessoas, onde Martin Luther King profere o seu famoso discurso intitulado: “I Have a Dream” (Eu tenho um sonho).  
      «A liberdade nunca é voluntariamente cedida pelo opressor; deve ser exigida pelo oprimido.»  
      Martin Luther King (1929-1968)  
          Foi um dos mais importantes e incontornáveis líderes mundiais do movimento dos direitos civis, especialmente dos negros nos Estados Unidos, com uma campanha de não-violência e de amor ao próximo. King era seguidor da ideia lançada por Gandhi da desobediência civil não violenta.  
          Acertadamente previu que as manifestações organizadas e não violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos Estados Unidos, apesar de atacadas de modo violento pelas autoridades racistas, detinham uma ampla cobertura dos meios de comunicação de massas, o que permitia criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis e assim orientou a sua luta, acendendo o debate acerca dos direitos civis e tornando-o até o principal assunto político nos Estados Unidos a partir do começo da década de 1960.  
          Organizou e liderou marchas pelo direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei geral dos EUA com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964) e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).  
          O protesto não violento irritava as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos e, invariavelmente, tais autoridades, retaliavam sempre de forma violenta.  
          Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou no seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis.  
          Dezoito anos depois da sua morte, em 1986, foi estabelecido um feriado nacional nos Estados Unidos para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King (sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King). Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.  
          Luther King foi a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz, em 1964, pouco antes de seu assassinato. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sinal de Saúde Mental

      «Não é um sinal de boa saúde mental estar bem adaptado a uma sociedade doente.»  
      Jiddu Krishnamurti (1895-1986)  
          Filósofo, escritor e educador indiano. Entre os temas abordados incluem-se a revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento e a realização de mudanças positivas na sociedade global.  
          Constantemente alertou para a necessidade de uma revolução na psique de cada ser humano e enfatizou que tal revolução não poderia ser levada a cabo por nenhuma entidade externa seja religiosa, política ou social. Uma revolução que só poderia ocorrer através do autoconhecimento e da prática correta da meditação do homem liberto de toda e qualquer forma de autoridade.

domingo, 26 de agosto de 2012

F.O.R.A.

      Num dia como o de hoje (26 de agosto) do ano de 1905, em Buenos Aires (Argentina) ocorria o quinto congresso da F.O.R.A. (Federación Obrera Regional Argentina), num difícil clima de repressão governamental e policial contra a classe trabalhadora, com a declaração de estado de sítio, prisões, greves e manifestações duramente reprimidas.  
      Este congresso aprovou e recomendou a todos os participantes que divulgassem os seus conhecimentos adquiridos, dos princípios económicos e filosóficos do comunismo anarquistas, e os ensinassem aos trabalhadores.  
      A F.O.R.A. nasce cerca de 4 anos antes com a designação inicial de F.O.A. (Federación Obrera Argentina) com a participação de 50 delegados trabalhadores, socialistas e anarquistas, representando cerca de trinta associações de trabalhadores da capital argentina e do interior do país. No entanto, no congresso do ano seguinte as divergências de pontos de vista entre socialistas e anarquistas revelaram-se inconciliáveis separando-se, vindo então a corrente anarquista a constituir a F.O.R.A. no seu quinto congresso de 1905, num dia como o de hoje, mantendo a sua visão comunista-anarquista.  
      A F.O.R.A. chegou a ter 250 mil membros. Em 1909 dá-se uma nova cisão de acordo com as duas distintas visões nascidas, passando a existir a FORA do 9º congresso (reformista) e a FORA do 5º Congresso (fiel ao ideal libertário).  
      Abaixo podes ver uma imagem do 5º congresso e um carimbo da Federação.

sábado, 25 de agosto de 2012

F. Nietzsche

      Num dia como o de hoje (25 de agosto) do ano de 1900, isto é, há 112 anos, morria Friedrich Nietzsche, um dos maiores e controversos filósofos do século XIX.  
      Crítico da cultura ocidental, das suas religiões e, consequentemente, da moral judaico-cristã, Nietzsche é, juntamente com Marx e Freud, um dos autores mais controversos na história da filosofia moderna.  
      Nietzsche considera o Cristianismo e o Budismo como "as duas religiões da decadência", embora afirme haver uma grande diferença nessas duas concepções. O budismo para Nietzsche "é cem vezes mais realista que o cristianismo".  
      Até cerca de onze anos antes da sua morte, Nietzsche não cessa de escrever a um ritmo sempre crescente, terminando de forma abrupta em Janeiro de 1889 com uma “crise de loucura” com a qual passou, inicialmente, a considerar-se, alternativamente, figuras míticas: Dionísio e Cristo, expressando-se em bizarras cartas, afundando-se depois num silêncio quase total até à sua morte.
      Após a sua morte, a sua irmã Elizabeth falseou alguns escritos com o propósito de apoiar a causa anti-semita e o nacional socialismo (Nazismo) de Hitler, aproveitando-se este de alguns aspetos e interpretações para a sua ideologia e propaganda nazi, colagem esta que fez com que o cidadão comum viesse a considerar Nietzsche como mais um nazi, rejeitando os seus escritos sem sequer os ponderar. A irmã veio a ser bem tratada pelo regime fascista, morrendo confortavelmente. 
      Friedrich Nietzsche quis ser o grande "desmascarador" de todos os preconceitos e ilusões do género humano, aquele que ousa olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trás de valores universalmente aceites; por trás das grandes e pequenas verdades melhor assentadas, por trás dos ideais que serviram de base para a civilização e nortearam o rumo dos acontecimentos históricos, designadamente, a moral tradicional, a religião e a política não são para ele nada mais que máscaras que escondem uma realidade inquietante e ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar. 
      Nietzsche golpeou violentamente essa moral que impede a revolta dos indivíduos inferiores, das classes subalternas e escravas contra a classe superior e aristocrática que, por um lado, pelo influxo dessa mesma moral, sofre de má consciência e cria a ilusão de que mandar é por si mesmo uma forma de obediência. Essa traição ao "mundo da vida" é a moral que reduz a uma ilusão a realidade humana e tende asceticamente a uma fictícia racionalidade pura. 
      Com efeito, Nietzsche procurou arrancar e rasgar as mais idolatradas máscaras.
      A vida só se pode conservar e manter-se através de imbricações incessantes entre os seres vivos, através da luta entre vencidos que gostariam de sair vencedores e vencedores que podem a cada instante ser vencidos e por vezes já se consideram como tais. Neste sentido a vida é vontade de poder ou de domínio ou de potência, vontade essa que não conhece pausas, e por isso está sempre criando novas máscaras para se esconder do apelo constante e sempre renovado da vida; pois, para Nietzsche, a vida é tudo e tudo se esvai diante da vida humana. Porém as máscaras, segundo ele, tornam a vida mais suportável, ao mesmo tempo em que a deformam, mortificando-a à base de cicuta e, finalmente, ameaçam destruí-la. 
      Não existe via média, segundo Nietzsche, entre aceitação da vida e renúncia. Para salvá-la, é mister arrancar-lhe as máscaras e reconhecê-la tal como é: não para sofrê-la ou aceitá-la com resignação, mas para restituir-lhe o seu ritmo exaltante, o seu merismático júbilo.
   
      Na sua obra “O Anticristo” afirmava: 
      «O cristianismo tomou o partido de tudo o que é fraco, baixo, incapaz, e transformou em um ideal a oposição aos instintos de conservação da vida saudável; e até corrompeu a faculdade daquelas naturezas intelectualmente poderosas, ensinando que os valores superiores do intelecto não passam de pecados, desvios 'tentações'. O mais lamentável exemplo: a concepção de Pascal, que julgava estar a sua razão corrompida pelo pecado original; estava corrompida sim, mas apenas pelo seu cristianismo!» 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Francisco Quintal

      Num dia como o de hoje (24 de agosto) mas do ano de 1898 (há114 anos), nascia no Funchal (ilha da Madeira, Portugal) Francisco Quintal.  
      Quintal foi um importante militante e propagandista anarquista e anarco-sindicalista português.  
      Filho de uma família burguesa, faz os seus estudos na escola náutica de Lisboa e descobre o anarquismo aos 15 anos, com os escritos de Jean Grave, começando a frequentar as “Juventudes Sindicalistas”.  
      A partir de 1921 começa a colaborar com alguns grupos anarquistas, como “Novos Horizontes” ou “Grupo Anarquista Claridade”, vindo a representar a União Anarquista Portuguesa (UAP) no Congresso Anarquista de Alenquer em 18 de março de 1923.  
      A U.A.P. lança em 1925 o seu órgão de imprensa, o jornal “O Anarquista”, que Francisco passa a coordenar. 
      Em julho de 1927 é de novo delegado da U.A.P. ao congresso de Valencia (Espanha) onde se decide a criação da Federação Anarquista Ibérica.  
      A polícia fascista acaba por o considerar o chefe dos anarquistas portugueses e prende-o e deporta-o para Angola, na altura uma colónia portuguesa, até 1929, regressando a Portugal onde milita clandestinamente na F.A.R.P. (Federação Anarquista da Região Portuguesa) e colabora ativamente com as publicações anarquistas da época, como: “O Argonauta”, “A Batalha”, “A Comuna” e outras e dedica-se ainda à tradução, de forma clandestina, de inúmeras obras anarquistas como "Les Syndicats et la Révolution Sociale" de Pierre Besnard.  
      Durante os anos da ditadura mantém, juntamente com a militante Miquelina Sardinha, sua companheira, uma atividade política possível, mantendo a sua atividade de capitão da marinha mercante, que lhe proporcionou novos contactos com muitos companheiros de diversos países.  
      Com a queda da ditadura (25 de Abril de 1974), funda em Almada, com outros anarquistas, como Adriano Botelho, o Centro de Cultura Libertária e edita o jornal “Voz Anarquista”.  
      Veio a falecer de um enfarte, em Lisboa, a 4 de fevereiro de 1987. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Acidentes e Desastres Naturais: Os Incêndios

      A seguir está uma síntese traduzida e adaptada de um artigo publicado no sítio “A Las Barricadas”, sob o título “El Fuego es Político”, cujo texto original e integral podes ver em: http://www.alasbarricadas.org/noticias/node/21654.
      «Desde os meios de comunicação de massas e as notas oficiais, é costume considerar-se que as catástrofes naturais são o resultado de um fenómeno de sorte e azar. Atribui-se ao acaso e ao azar o facto de uma zona se desmoronar perante um terramoto, sofrer um incêndio ou se inundar.
      Se bem que a sorte é um fator do processo, no sentido da aleatoriedade, não é, no entanto, um fator predominante. De facto, são os factores socio-económicos e políticos que marcam a diferença entre um acidente e um desastre, tendo grande influência nestes processos.
      Por um lado, o perigo de sofrer um incêndio nas zonas de clima e ecossistema mediterrânico são mais altas que num clima e ecossistema atlântico. É próprio dos ecossistemas mediterrânicos arderem com certa periodicidade, já que o fogo é a perturbação que equilibra o ecossistema, mas nos incêndios naturais de um ecossistema não alterado, em que o fogo ocorre com uma baixa frequência, em períodos de uns 50 anos, e de baixa intensidade, com uma extensão pequena, permitindo que nessas pequenas parcelas haja regeneração do bosque.
      Os incêndios de grandes extensões e grande intensidade, provocam um grande número de impactos ambientais, como a perda de solo, avanço da desertificação e a alteração do ciclo hidrológico normal, por modificação das condições de infiltração da água no solo.
      Perante isto, poderíamos pensar que é no ecossistema mediterrânico onde ocorrem predominantemente os incêndios na Península Ibérica, no entanto, tanto em Espanha como em Portugal, a maior parte dos incêndios (mais de 70%) ocorre nas áreas atlânticas.
      De uma forma global, o primeiro ponto em que alteramos o equilíbrio entre fogo e bosque é a nossa sistemática destruição e fragmentação de habitats e desequilíbrio de ecossistemas. Ao fazer isto, aumentamos a frequência e a intensidade dos incêndios, quando nos ecossistemas deixam de existir certas cadeias tróficas que eliminam o material combustível. Devido ainda a certas estruturas de transporte, podemos também aumentar a extensão do incêndio, e, em simultâneo, estamos ainda a dificultar a autorregeneração, já que esta fragmentação impede a chegada de novos elementos, animais e vegetais, que colonizem o espaço queimado.
      Finalmente, a introdução de espécies (animais e vegetais) que não são próprias do ecossistema, tornam-se espécies invasoras que, perante estes fenómenos, invadem o habitat prejudicando as espécies autóctones.
      Não só destruímos habitats à custa do tijolo e do alcatrão, tem também havido a prática de queimar terrenos para mais tarde requalificá-los e urbanizá-los, pese embora a diversa legislação entretanto lançada para evitar essa requalificação. Por outro lado, a dinâmica económica tem funcionado no sentido do abandono do campo e do monte. Quando deixamos de aproveitar de forma sustentável o monte, isto é, num saudável equilíbrio de quem se sabe dependente da Natureza para se alimentar e para obter materiais e lenha, o monte deixa de se “limpar” de possíveis combustíveis e estes acumulam-se, ficando o material seco que faz aumentar a probabilidade do fogo, tanto em frequência como em intensidade e extensão. Ou seja, as tendências socio-económicas influem decisivamente nos nossos incêndios.
      Por outro lado, constata-se que a maior parte do monte é propriedade privada, o que acarreta um problema acrescido por inacessibilidade das comunidades aos terrenos privados para aproveitamento florestal e pastoreio.
      É importante ainda ter em conta a relevância que têm as queimadas do monte para a obtenção de pastos para os animais. Uma grande parte dos incêndios parece ter origem nesta forma intencional de obtenção de área para pastagens. Nota-se ainda a falta de implementação prática dos planos de proteção, com aplicação real das limpezas florestais, zonas de contenção, vigilantes, profissionais e meios de intervenção rápida, etc.
      Existem casos de catástrofes naturais onde o trabalho dos voluntários pode ser muito útil e efetivo. No caso do fogo, deveria produzir-se na fase de prevenção, limpando de combustível o monte e já não tão eficaz será a utilização de voluntários para o combate ao fogo, aqui se requerendo a eficácia de profissionais bem treinados e conhecedores da propagação do fogo no terreno, nesse terreno concreto que bem devem conhecer, com contratos laborais estáveis que os vinculem a determinada área que fica sob sua responsabilidade, em detrimento de contratos pontuais de pessoas que nem conhecem os locais, nem têm grande interesse no assunto por serem contratados apenas para alguns dias ou para um ou dois meses. O profissional contratado a tempo inteiro, tem estabilidade financeira e laboral, quer haja ou não incêndios, não tendo interesse sequer em que haja incêndios para ser contratado, o que se suspeita já não ocorra com o pessoal pontualmente contratado, o qual tem interesse nos incêndios, havendo até um grande interesse económico, quando se utilizam empresas privadas de helicópteros ou hidroaviões, por exemplo, os quais só ganham dinheiro se houverem incêndios.
      No passado dia 22 de julho, a Greenpeace, recorrendo a dados oficiais governamentais, anunciou que a superfície queimada era de 137 mil hectares, ou, na habitual conversão: 137 campos de futebol. Tendo em conta que o ano de 1994 foi o ano mais catastrófico de incêndios, com 138,5 campos de futebol, este ano parece que se atingirá um novo recorde. Nota que estes campos de futebol não são terrenos de relva da Monsanto mas antes terrenos de uma riqueza ecológica infinita.
      Não perdemos 137 ou mais campos de futebol, mas sim grandiosos ecossistemas dos quais dependemos intrinsecamente. Nenhum progresso poderá salvar-nos de uma hecatombe de desertificação e cimento, pelo que temos que ter consciência de que as políticas governamentais estão a atirar para o fogo, para além da lenha, a nós próprios; a nossa própria vida e sobrevivência.»

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Descoberta "Online" Nova Espécie Animal

      Até hoje, os cientistas passavam imenso tempo, anos até, nos locais concretos a estudar as espécies animais e, raríssimas vezes tinham o privilégio de encontrar uma espécie nova.  
      Até hoje, claro, pois acaba de se saber que a última espécie animal a ser descoberta é um inseto que vive num parque florestal no norte de Kuala Lumpur (capital da Malásia) e foi descoberta a semana passada, quando descrita num artigo científico (publicado na revista Zookeys) após visionamento “on-line” por um entomólogo, de fotografias de um fotógrafo amador que as colocou no “Flickr”. 
      Esta nova espécie de inseto denomina-se Semachrysa jade e possui umas asas com caraterísticas muito especiais o que levou o cientista a perceber rapidamente que se tratava de uma espécie ainda não descrita cientificamente. Com efeito, esta inseto possui um padrão peculiar de veias nas asas com marcas pretas e duas manchas brancas.  
      O artigo científico está integralmente disponível (em pdf) na seguinte ligação: http://www.pensoft.net/J_FILES/1/articles/3220/3220-G-3-layout.pdf 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Caçada em África

      A empresa mineira “Lonmin” (https://www.lonmin.com/), com sede em Londres e exploração em Marikana (a cerca de 100 Km de Joanesburgo), na África do Sul, anunciou hoje que, afinal, não vai despedir os trabalhadores em greve, apesar de os ter ameaçado que se hoje não votassem ao trabalho perderiam o emprego.  
      Cerca de 30% dos trabalhadores voltaram ao trabalho enquanto os restantes, reunidos no exterior das instalações mineiras, decidiam continuar a greve, pelo menos por mais uma semana, também de luto pelos 34 mineiros mortos pela polícia, insistindo, no entanto, que preferem morrer a voltar à escravatura da mina.  
      Há quatro dias atrás, e após uma semana de greve, a polícia disparou indiscriminadamente sobre os manifestantes tendo morto 34 e ferido 78 mineiros. A polícia referiu que o fez como autodefesa, uma vez que os grevistas para eles se dirigiam com a intenção de os atacar.  
      Um mineiro afirmava a um jornal sul-africano: «Já morreram pessoas, por isso não temos mais nada a perder… Vamos continuar a lutar por aquilo que acreditamos ser uma luta legítima por ordenados que permitam viver. Preferimos morrer como os nossos companheiros a desistir. A única coisa que pode acabar com esta greve é uma resposta positiva da administração. Ainda me pergunto por que é que a administração se recusa a negociar connosco.» 
      Os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho e um aumento de salário para o triplo do que ganham actualmente: cerca de 300 euros.  
      Antes da morte dos 34 mineiros já tinham morrido 10 pessoas em confrontos entre dois sindicatos e entre os trabalhadores e a polícia.  
      O chefe da polícia sul-africana, Riah Phiyega, disse que os polícias que dispararam sobre os grevistas não devem arrepender-se do que aconteceu: «A segurança pública não é negociável. Não lamentem o que aconteceu.»  
      O massacre foi já amplamente classificado como o pior derramamento de sangue em confrontos entre polícia e trabalhadores desde o fim do apartheid, em 1994.  
      O presidente do país (Jacob Zuma) decretou uma semana de luto e criou uma comissão interministerial para lidar com a crise, reiterando que é necessário um inquérito judicial e afirmando que: «Temos de evitar apontar o dedo e recriminar. Temos de nos unir contra a violência.» 
  
 
 
 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Angiolillo

      Num dia como o de hoje, do ano de 1897 (há 115 anos), foi executado com o garrote o anarquista italiano Michele Angiolillo Lombardi, com 26 anos de idade (1871-1897), na prisão de Vergara (Guipúzcoa) (Pais Basco) (Espanha).  
      A sua condenação à morte foi motivada pelo atentado que cometeu contra o presidente do conselho espanhol (António Cánovas del Castillo).  
      Angiolillo era adepto da propaganda pelos atos, tendo escrito diversos artigos que, considerados subversivos, lhe valeram condenação a 18 meses de prisão pela publicação. 
      Depois de Itália, viveu em Marselha, Barcelona, Bruxelas, Lisboa, Paris e Madrid.  
      A sua execução ocorreu 12 dias após o atentado. Angiolillo foi até à estação balnear de Santa Agueda, no País Basco, onde, com quatro tiros de revólver, mata o político reacionário presidente do conselho espanhol, responsável pela tortura e pela execução de anarquistas em maio desse ano em Montjuich (Barcelona), bem como contra a guerra colonial que a Espanha mantinha nessa altura em Cuba. Uma vez concretizado o atentado deixou-se prender. 

domingo, 19 de agosto de 2012

A Solidariedade

      Num dia como o de hoje (19 de agosto), do ano de 1888, saia à luz em Sevilha (Espanha) o jornal “La Solidaridad”.  
      Este quinzenário sairá durante 59 números até 1889.  
      No número de 12 de janeiro de 1889 é publicado o artigo de Mella “La Anarquia no admite adjetivos” (O Anarquismo não admite/necessita adjetivos). 

sábado, 18 de agosto de 2012

Apartheid

      Num dia como o de hoje mas do ano de 1964 (há 48 anos), o Comité Olímpico Internacional bania a África do Sul dos Jogos Olímpicos, por não renunciar ao regime de segregação racial conhecido por “apartheid”.  
      O regime de segregação racial determinava, por lei, que os brancos detinham o poder total e os demais cidadãos não brancos deveriam viver separados dos brancos com regras próprias que lhes impunham, não lhes permitindo qualquer direito de cidadania.  
      A segregação ia ao pormenor de distinguir os transportes públicos, havendo transportes próprios para brancos e outros, piores, para negros, com as suas respetivas e distintas paragens. Segregava-se tudo: lojas, praias, piscinas, bibliotecas, até os bancos nos jardins tinham indicações de “só para brancos” ou “só para europeus” e “para não europeus”.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Federação Ibérica da Juventude Libertária

      Num dia como o de hoje (17 de agosto) do ano de 1963 (há 49 anos), em Madrid, eram executados, pelo garrote, dois jovens ativistas das Juventudes Libertárias (F.I.J.L.): Joaquín Delgado Martinez e Francisco Granado Gata.  
      Presos e torturados depois do atentado do dia 29 de julho desse mesmo ano, isto é, 19 dias antes, foram julgados no dia 13 de agosto por um conselho de guerra que os condenou à morte, sem provas, considerando-os culpados do atentado que de facto não cometeram ainda que com ele pudessem concordar.  
      O atentado consistiu na explosão de duas bombas contra a sede da Direção Geral de Segurança que causou cerca de vinte feridos ligeiros, por ter deflagrado prematuramente. Este acontecimento veio justificar todas as ações seguintes levadas a cabo pela polícia espanhol detendo todos os antifranquistas (Franco, o general ditador). 
      Em baixo podes ver um fragmento de um folheto em que se apela à juventude para que esteja preparada e ingresse nas Juventudes Libertárias, bem como as fotos dos companheiros executados. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Coragem Companheiros

      Num dia como o de hoje (16 de agosto) do ano de 1894 (há 118 anos), pelas 04H55 da manhã, em frente à cadeia de Saint-Paul, ocorria a execução pela guilhotina do jovem anarquista Sante Geronimo Caserio, aos 22 anos de idade (1873-1894).  
      Caserio foi um anarquista italiano que se celebrizou por ter apunhalado e morto o presidente francês, com um único golpe.  
      Caserio mandou fazer um punhal de propósito para o ato, com cabo em cobre e listras intercaladas de veludo negro e vermelho. 
      Em junho, após um banquete, dirigindo-se o presidente francês, em carruagem aberta, a um baile de gala, Caserio saltou para a carruagem e, de um só golpe, apunhalou o presidente, cravando o punhal entre o pescoço e o peito.  
      No julgamento, Caserio veio a ser condenado à pena de morte, por guilhotina, tendo recebido o veredicto com um grito de “Viva a Revolução”.  
      As suas últimas palavras no tribunal foram:  
      «Se os governantes podem usar contra nós espingardas, correntes e prisões, nós devemos – nós os anarquistas, para defendermos nossas vidas – devemos ater-nos às nossas premissas? Não. Pelo contrário, a nossa resposta aos governantes será a dinamite, a bomba, o estilete, o punhal. Em uma palavra, temos que fazer tudo o possível para destruir a burguesia e o governo.»  
      No cadafalso, segundos antes de morrer, Caserio gritou à multidão que assistia:  
      «Coraggio compagni e viva l’Anarchia.» (Coragem Companheiros e viva a Anarquia [o Anarquismo]).  
      A memória de Caserio, bem como do seu corajoso maior ato não foi apagada com a sua execução, tendo sido sempre recordado ao longo dos anos seguintes. Um ano depois, assinalando a data da sua execução, em Itália, uma bomba explodia no consulado de França e em 1896 surgiria até uma revista publicada em castelhano, em Buenos Aires, intitulada “Caserio”. 
 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A Chuva das Perseidas

     Todos os anos, por volta desta altura (agosto), é possível observar inúmeros meteoros, atingindo-se, no entanto o pico máximo de intensidade a meados do mês de agosto, como agora estamos, chegando a ser visíveis até 100 meteoros por hora quando a média do resto do mês ronda os 60 por hora. 
     Trata-se da famosa e assim chamada: “Chuva de Meteoros das Perseidas”, fenómeno assim denominado pelo seu radiante na constelação de Perseus, isto é, pela ilusão ótica que faz com que nos pareça que o fenómeno provém daquela constelação. 
     Entram na nossa atmosfera pequenos pedaços rochosos, a maioria menores que uma ervilha, que se tornam luminosos devido à sua elevada velocidade (cerca de 212 mil Km/h) e o atrito na atmosfera faz aumentar a temperatura dos corpos até ficarem incandescentes. As pequenas rochas vêm na cauda do cometa “Swift-tuttle”, cuja cauda se cruza nesta altura com a órbita terrrestre.  
     O fenómeno pode ser visto em qualquer lugar e à vista desarmada mas será sempre preferível a observação em locais sem iluminação, longe dos aglomerados urbanos. Embora depois do dia de hoje a média de impactos desça, é sempre possível ver muitos meteoros até ao final do mês de agosto, ou seja, o que popularmente se chama de ver estrelas cadentes. 
     Atenção que este fenómeno é assim visível mas no hemisfério norte, sendo menos exuberante, mas igualmente visível, no hemisfério sul.

 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Homem Não se Lava Há 38 Anos

      Kailash Singh tem 66 anos e já não se lava há 38 anos. 
      Este indiano tem quase dois metros de cabelo e barba, que não corta nem lava e mora num local que pode atingir até 47° Centígrados.  
      Com tanto calor, suor e cabelo este homem já é considerado o homem mais mal cheiroso do Mundo.  
      A decisão radical de não tomar banho foi tomada pelo indiano na década de 70, logo após o seu casamento. Na época, um sacerdote da religião seguida por Singh afirmou que ele não deveria nem lavar nem cortar o cabelo para que pudesse ter um filho.  
      Singh levou muito a sério o conselho e, já lá vão mais de três décadas sem lavar o cabelo e sem tomar um único banho mas, apesar desta tão grande determinação ainda não conseguiu ter o tão desejado filho, sendo pai de sete filhas. Singh afirma que só tomará banho quando lhe nascer um filho.  
      A mulher de Singh, Kalavati Devi, diz que lhe custou muito habituar-se ao cheiro do marido mas que agora já o tolera. Conta ainda que toda a família já o tentou lavar, num rio próximo de onde moram mas que Singh conseguiu fugir, afirmando que preferia morrer a tomar banho. 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Pôr-do-Sol

      Queres saber quanto tempo falta para que o Sol desapareça do horizonte e anoiteça?  
      É muito simples: mede com os quatro dedos (sem o polegar) a distância que vai desde a linha do horizonte ao Sol mas cuidado para não olhares diretamente para o Sol pois pode danificar-te a vista.  
      Cada dedo representa cerca de 15 minutos. Assim, se a distância que vês ao longe da linha do horizonte até ao limite inferior do Sol for de quatro dedos, teremos 4 x 15 m, isto é, 1 hora para que o Sol se ponha.  
      Se o Sol estiver mais alto mede mais dedos, sendo que cada mão (de quatro dedos) representa 1 hora.  
      Experimenta mas com cuidado, pois nunca se deve olhar diretamente para o Sol, usa óculos escuros de preferência e, mesmo assim, sê muito breve. Nota que o braço deve estar esticado e o tempo medido é do local onde estás no momento, pois se fores para outro local, o tempo será diferente. 

domingo, 12 de agosto de 2012

Se não to derem pega nele

      «Pede trabalho, se não to derem, pede pão e se não to derem, pega nele!»  
      Emma Goldman (1869-1940)  
      Emma foi uma anarquista conhecida pelo seu grande ativismo, seus escritos políticos e conferências que reuniam milhares de pessoas nos Estados Unidos. Teve um papel fundamental no desenvolvimento do anarquismo na América do Norte durante a primeira metade do século XX. 

sábado, 11 de agosto de 2012

A Primeira Biblioteca da Guiné-Bissau

      A Guiné-Bissau não possui, ainda, nenhuma biblioteca pública no país mas, nas próximas semanas contará com a primeira a abrir na cidade de Bissau.  
      Uma associação da localidade portuguesa de Pombal denominada “Afectos com Letras, Associação para o Desenvolvimento pela Formação, Saúde e Educação (ONGD)” centrada na colaboração e desenvolvimento das crianças daquele país, desenvolveu um projeto de recolha de livros em Portugal entre 25 de março e 25 de junho, tendo recolhido 13 mil livros.  
      Estes livros foram catalogados por técnicos bibliotecários e colocados num contentor com destino a Bissau, onde vão ainda, para além dos livros, estantes e dez computadores, tudo oferecido.  
      Já na próxima segunda-feira, 13 de agosto, cinco voluntários da associação chegam a Bissau e, ao longo das próximas três semanas, contam montar a biblioteca nas instalações cedidas pelo Instituto Politécnico Benhoblô de Bissau e deixá-la a funcionar até ao fim do mês.  
      Entre os livros enviados vão muitos livros infantis, muita literatura portuguesa, romances estrangeiros e enciclopédias, assim como alguns livros em francês, dado o contexto regional da Guiné-Bissau, rodeada por países francófonos. 
        Muitos dos livros são novos, oferecidos por editoras, mas também há livros em segunda mão, dados por particulares e que foram sujeitos a uma triagem, pois como diz a responsável pelo projeto, Joana Benzinho: "Queremos fazer uma biblioteca em condições, não um depósito de livros antigos e em mau estado".  
      A biblioteca ficará a cargo de um funcionário, que receberá apoio e formação contínua por videoconferência a partir da Biblioteca Municipal de Pombal em Portugal.  
      Em dezembro, a associação conta levar a Bissau técnicos da biblioteca de Pombal para dar formação, de forma a dinamizar a biblioteca guineense com atividades como a hora do conto ou o cantinho da criança, e até lá vai continuar a recolher livros em Portugal.  
      Mais info em: http://www.afectoscomletras.com 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Meteosat MSG-3

      Depois da primeira imagem de Marte enviada pela sonda Curiosity, acaba de chegar à Terra uma outra primeira imagem. Desta vez é uma imagem que já conhecemos, é a do nosso planeta mas captada por aquele que é o mais moderno satélite meteorológico europeu, lançado há cerca de um mês.  
      A imagem, captada a cerca de 36.000 Km de altitude, "demonstra que o satélite está a funcionar bem", refere a Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat), proprietária do equipamento.  
      O MSG-3 é o terceiro da série Meteosat de segunda geração e foi lançado a 5 de julho, do centro espacial de Kourou, na Guiana Francesa. O satélite é geostacionário (a sua velocidade coincide com a da rotação da Terra) e é o terceiro satélite de quatro que começaram a ser introduzidos em 2002, com o objetivo de estudar as condições meteorológicas do planeta e recolher registos. O último satélite da série, o MSG-4, tem lançamento agendado para 2015. O objetivo é aumentar a qualidade das previsões, em especial para as tempestades de rápido desenvolvimento.  
      A Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos referiu que: "É uma conquista conjunta da ESA, EUMETSAT e da indústria espacial europeia. Este modelo de cooperação fez da Europa um líder mundial nos satélites meteorológicos, tirando o melhor partido das competências de ambas as agências".  
      A tal primeira fotografia é a que abaixo se reproduz. Mais info em: http://www.eumetsat.int

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

"Anonymous" é Marca Registada

      Uma empresa francesa registou como marca o nome “Anonymous”, o logótipo e um dos “slogans” dos ativistas: “We are Anonymous, we are legion, we do not forgive, we do not forget, expect us.” (Somos Anonymous, somos muitos, não perdoamos nem esquecemos, contem connosco).  
      A pequena empresa francesa chama-se “Early Flicker” e o registo remonta já a fevereiro deste ano, no registo de patentes francês. A empresa usa o registo para vender “T-shirts”.  
      O gerente da empresa divulgou uma nota no sítio da Internet esclarecendo que não pretende fazer dinheiro com os símbolos e que só vende dois ou três artigos por dia.  
      Um internauta denominado “Anonymous francophone” colocou um vídeo intitulado “Anonymous não está à venda”, e promete represálias contra o gerente da empresa caso não deixe abandone o registo.  
      Entretanto, a página da “Early Flicker” na Web http://www.eflicker.fr passou a estar indisponível, o mesmo sucedendo com a loja da empresa no sítio de leilões “eBay”.
      “Anonymous” (Anónimos) denomina um coletivo de ativistas, sem uma estrutura organizada, que atua essencialmente “online”, maioritariamente em causas relacionadas com a liberdade de expressão. O coletivo nasceu nos Estados Unidos como um grupo de contestação à Igreja da Cientologia, mas entretanto alastrou a outros países e a outros assuntos.

 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A Regressão Egípcia

      No Egito acaba de ser lançado (coincidindo com o início do mês do Ramadão) um canal de televisão, o Maria TV, com estúdios no Cairo, gerido exclusivamente por mulheres cobertas por véu preto (niqab) que lhes cobre a totalidade da cara deixando apenas ver os seus olhos.  
      No Egito há, no entanto, um grande debate sobre o uso do véu (niqab). Algumas universidades públicas chegaram mesmo a banir os véus durante os exames e nos dormitórios, levando a inúmeras batalhas judiciais.  
      Há mulheres que se queixam de um mercado de trabalho hostil ao uso do véu, enquanto os críticos mostram a sua preocupação em relação à ascensão do islamismo político no Egito, temendo que este venha radicalizar a sociedade.  
      A criação de um canal de televisão que emprega apenas mulheres com as caras cobertas é uma "reviravolta" no caminho percorrido na "Primavera Árabe".  
      Nota que até as mãos são cobertas por luvas mas, no entanto, as personagens de ficção, têm a cara descoberta, como o boneco-máscara da fotografia abaixo, que é a única, em toda a estação de televisão, que não usa véu.  
      A televisão pertence ao projeto de Abdallah, mais conhecido pela alcunha de Abu Islam, que diz que o objetivo do canal é mostrar às mulheres que não necessitam mostrar a sua beleza ao Mundo enquanto são vistas; «é uma nova era para as mulheres que vestem niqab».  
      Os islamistas foram durante muito tempo (décadas) reprimidos pelo Estado que se pretendia ocidentalizar. Agora, após o fim da era Hosni Mubarak e a vitória eleitoral dos conservadores islâmicos, estes sentem chegado o momento para a sua expansão.  
      Abu Islam detém a Ummah TV, estação de televisão que agora opera livremente mas que foi severamente censurada, destruída e proibida por Mubarak. O próprio Abu Islam foi preso diversas vezes, sempre por difundir as suas ideias conservadoras.  
      Atualmente, a estação emite livremente todos os conteúdos que pretende, pois quem governa o Egito são os fundamentalistas da irmandade islâmica e os ultraconservadores Salafitas, as duas forças político-religiosas com mais poder no Egito.  
      Há uma década atrás, era raro ver-se uma mulher vestindo niqab no Egito, o vestido niqab estava restrito a uma pequena minoria. A maioria das mulhgeres usava um lenço que lhes cobria o cabelo, mas não a face. Atualmente, no entanto, tornou-se vulgar ver mulheres trajando o niqab, seja na rua, seja nas universidades, nos mais diversos empregos e mesmo montadas, atrás, mas motas dos maridos.  
      Maria TV está no ar seis horas por dia na Ummah TV. A programação consiste essencialmente em dar conselhos práticos às mulheres para o seu dia-a-dia em relação à cega obediência aos seus maridos. As mulheres falam sobre os assuntos e defendem os seus pontos de vista, sem qualquer crítica.  
      O diretor da estação, o filho do Abu Islam, referiu que sabe que “existem críticas e reações negativas, mas que também existem críticas e reações positivas, como em tudo, portanto, não interessa, nós seguiremos o nosso caminho”.  
      A produtora executiva do canal, também filha do Abu Islam, diz que “Eu quero dar às crianças a possibilidade de verem estas mulheres e dizerem: Eu quero ser assim. Ou seja, criar uma nova geração que deseja isto e deseja ser como o que vê.”  
      O sítio do canal na Internet está em: http://www.ummahchannel.tv/