quarta-feira, 12 de maio de 2010

A Ressaca é uma Molécula




      Um grupo de neurocientistas da Universidade de Southampton (Reino Unido) acaba de descobrir a molécula responsável pela ressaca, designadamente, dores de cabeça, náuseas, sede e sensibilidade ao barulho e à luz, alguns dos sintomas depois de uma noite bem bebida.

      Num artigo, publicado na “PLoS One”, os investigadores explicam que se trata de um neuropéptido; um “marcador” do cérebro que ao ativar-se é o responsável pela mescla de sensações e sintomas desagradáveis sofridos no dia seguinte à ingestão de uma quantidade significativa de álcool.
      Os investigadores britânicos usaram o cérebro de um verme para o comparar ao nosso. Tudo porque a estrutura mais simples do “Caenorhabditis elegans” (o verme), tem a particularidade de reagir de uma forma idêntica à do ser humano às intoxicações ou dependências do álcool.
      A equipa, liderada por Lindy Holden-Dye, descobriu que, tal como o verme, o cérebro do ser humano quando exposto ao álcool durante um período prolongado de tempo, habitua-se a um certo grau de intoxicação e quando o consumo de álcool é interrompido, começa a ansiedade, a debilidade, a agitação e até espasmos, um rodopio de sintomas que são característicos das ressacas na sua forma mais grave.
      Holden-Dye explica que “a investigação mostra que os vermes sentem os efeitos do corte de álcool e isto permite-nos definir a forma em que este afeta os circuitos nervosos responsáveis pela alteração de comportamento”. Durante a fase de interrupção, os cientistas davam aos vermes pequenas quantidades de álcool e os seus sintomas suavizam de imediato.
      Os autores do estudo foram capazes, pela primeira vez, de identificar exatamente de onde e como o consumo de bebidas alcoólicas afeta o sistema nervoso, o que “abre novas portas para o tratamento do alcoolismo”, refere Holden-Dye que acrescenta: “O nosso estudo proporciona um sistema experimental efetivo para atacar este problema”.
      A investigação abre também a possibilidade para o fabrico de novas armas químicas que minimizem ou eliminem por completo os efeitos posteriores ao consumo abundante de bebidas alcoólicas. Contudo, o mesmo estudo garante que, esta última hipótese é algo que pode inclusive aumentar a dependência de 13 por cento da população adulta que sofre deste problema.

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