quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Fernando Pessoa # 77

      «I know not what tomorrow will bring.»
      Nota escrita, em inglês, por Fernando Pessoa no dia anterior à sua morte (Tradução: “Não sei o que o futuro me reserva ou o que o amanhã me trará.”)
      Foi num dia assim, como o de hoje, corria o ano de 1935 (há 77 anos) que morria aquele que é considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa.
      Fernando Pessoa (13-06-1888 – 30-11-1935)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Curiosity foi para Marte

      O veículo todo o terreno “Curiosity” já foi este sábado para Marte para cumprir a missão para a qual foi construído: explorar aquele planeta.
      O veículo partiu num foguetão Atlas V, da base espacial do Cabo Canaveral, na Florida, EUA e vai percorrer 570 milhões de quilómetros até chegar a Marte, o que se prevê ocorra em Agosto de 2012. Esta missão chama-se “Mars Science Laboratory”.
      Com quase 900 Kg de peso, 3 metros de comprimento e mais de 2 metros de altura, o “Curiosity” é o maior veículo de superfície alguma vez desenhado para o solo de Marte.
      O destino específico da Curiosity é a cratera Gale, perto do equador de Marte. Este local é importante para a investigação porque a presença de argilas e as características geológicas indicam a presença de água.
      O objetivo do atual programa de exploração será determinar se terá existido ou poderá existir em Marte alguma forma de vida. No entanto, o Curiosity não está preparado para identificar formas microbianas que existam hoje. A missão deste laboratório sobre rodas é recolher dados para averiguar se o planeta terá tido condições de habitabilidade.
      O Curiosity leva a bordo dez instrumentos científicos, câmaras de alta definição, laser para análises a rochas, sensor de partículas de origem solar de alta energia, um espectroscópio de raio-X para determinar a composição das amostras geológicas e três recipientes de análises. Tem também um perfurador que fará buracos até cinco centímetros para recolher amostras que não estejam expostas. Outro dispositivo, preparado pela Agência Espacial Russa Roscosmos pode disparar neutrões até meio metro abaixo do solo para detetar a presença de hidrogénio.
      Uma estação meteorológica vai medir a velocidade e a direção do vento, a pressão atmosférica, a temperatura e a radiação ultravioleta.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Fatum Património da Humanidade

      No dia de ontem (27 de novembro de 2011), a UNESCO (ONU) declarou o Fado como sendo uma canção que, embora tipicamente portuguesa, deve ser considerada Património Imaterial da Humanidade.
      Este reconhecimento significa que a Língua Portuguesa é responsável por uma sua produção com valor mundial e que deve ser preservada por ser uma mais valia para a Humanidade.
      A palavra latina “fatum” significa “destino” e é desta que derivou a palavra “fado” na língua portuguesa, significando esta palavra nos nossos dias também “destino” ou “sina” mas um tipo de destino de certa forma sofrido como a canção com a qual normalmente se identifica e assim é conhecida a expressão.
      Enquanto tipo de canção, existem várias explicações para a origem do fado. Uma explicação popular remete a origem do fado para os cânticos dos Mouros (árabes), que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa, após a reconquista Cristã. A dolência e a melancolia, tão comuns no Fado, teriam sido herdadas daqueles cantos. No entanto, tal explicação é ingénua de uma perspectiva etnomusicológica. Não existem registos do fado até ao início do século XIX, nem era conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em Portugal, nem na Andaluzia onde os árabes permaneceram até aos finais do século XV.
      Numa outra teoria, a origem do fado parece despontar da imensa popularidade nos séculos XVIII e XIX da Modinha, e da sua síntese popular com outros géneros afins, como o Lundu, no então rico caldo de culturas presentes em Lisboa, tendo como resultado a extraordinária canção urbana conhecida como "fado".
      No entanto, o fado só passou a ser conhecido depois de 1840, nas ruas de Lisboa. Nessa época só o fado do marinheiro era conhecido, e era, tal como as cantigas de levantar ferro as cantigas das fainas, ou a cantiga do degredado, cantado pelos marinheiros na proa do navio.
      O fado mais antigo é o referido fado do marinheiro, e é este fado que vai se tornar o modelo de todos os outros géneros de fado que mais tarde surgiriam como o fado corrido que surgiu a seguir e depois deste o fado da cotovia. E com o fado surgiram os fadistas, com os seus modos característicos de se vestirem, as suas atitudes não convencionais, desafiadoras por vezes.


      Na primeira metade do século XX, já em Portugal, o fado foi adquirindo grande riqueza melódica e complexidade rítmica, tornando-se mais literário e mais artístico. Os versos populares são substituídos por versos elaborados e começam a ouvir-se as décimas, as quintilhas, as sextilhas, os alexandrinos e os decassílabos.
      Durante as décadas de 30 e 40 do passado século, o cinema, o teatro e a rádio vão projetar esta canção para o grande público, tornando-a de alguma forma mais comercial. A figura do fadista nasce como artista. Esta foi a época de ouro do fado onde os tocadores, cantadores saem das vielas e recantos escondidos para brilharem nos palcos do teatro, nas luzes do cinema, para serem ouvidos na rádio ou em discos. Surgem então as Casas de Fado e com elas o lançamento do artista de fado profissional. Para se poder cantar nestas Casas era necessário carteira profissional e um repertório visado pela Comissão de Censura, bem como, um estilo próprio e boa aparência. As casas proporcionavam também um ambiente de convívio e o aparecimento de letristas, compositores e intérpretes.
      Já em meados do século XX o fado iniciou a sua conquista pelo mundo, tornando-se muito famoso também fora de Portugal.
      Os artistas que cantam o fado trajavam de negro. É no silêncio da noite, com o mistério que a envolve, que se deve ouvir, com uma "alma que sabe escutar", esta canção, que nos fala de sentimentos profundos da alma portuguesa. É este o fado que faz chorar as guitarras…
      O fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as misérias da vida, critica a sociedade…
      Do Fado conhecem-se hoje diversas distintas categorias e são elas:
      O Fado Alcântara, Fado Aristocrata, Fado Bailado, Fado Batê, Fado-canção, Fado Castiço, Fado tradicional dos bairros típicos de Lisboa, Fado Corrido, Fado experimental, Fado do Milénio, Fado Em Concerto, Fado Lopes, Fado Marcha Alfredo Marceneiro, Fado da Meia-noite, Fado Menor, Fado Mouraria, Fado Pintadinho, Fado Tango, Fado Tamanquinhas, Fado Vadio, Fado não-profissional, Rapsódia de fados e o Fado Marialva.


      Em baixo podes ouvir um fado há muito cantado por Alfredo Marceneiro e depois um fado mais recente, cantado por Mariza.
 
      «É meu e vosso este fado
      Destino que nos amarra
      Por mais que seja negado
      Às cordas de uma guitarra
 
      Sempre que se ouve o gemido
      De uma guitarra a cantar
      Fica-se logo perdido
      Com vontade de chorar
 
      Ó gente da minha terra
      Agora é que eu percebi
      Esta Tristeza que trago
      Foi de vós que recebi»


domingo, 27 de novembro de 2011

A Verdadeira Nacionalidade

      «A nossa verdadeira nacionalidade é a humanidade. »
      H. G. Wells
      Escritor inglês (1866-1946)

sábado, 26 de novembro de 2011

As Piores Palavras-Chave de 2011

      Uma produtora de aplicações para telemóveis (celulares) e especialista em gestão de “passwords” (SplashData), elaborou uma lista com as piores palavras-chave de 2011, tendo por base as queixas apresentadas nos E.U.A.
      Muitos dos utilizadores usam sequências numéricas ou alfabéticas a partir de teclas próximas no teclado, como “123456”, “qwerty” ou "qazwsx".
      Um dos responsáveis pela empresa disse que “mesmo que as pessoas sejam encorajadas a escolher palavras-chave seguras, muitas continuam a escolhê-las fracas, fáceis de adivinhar, colocando-se em risco de fraude e de roubo de identidade”.
      Há um estudo anterior divulgado pela Microsoft que revela que, em média, cada pessoa utiliza 25 combinações diferentes e que, diariamente, utiliza oito delas. Este estudo pode explicar que muitas vezes os utilizadores optem por escolher palavras-chave mais simples e fáceis de decorar para consultar diferentes serviços.
      O roubo de palavras-chave é um problema comum e desencadeou, só em 2010, de acordo com a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos, 1,3 milhões de queixas por fraude ou roubo de identidade.
      Foram ainda dadas dicas para criar uma palavra-chave segura: variar o tipo de caracteres, incluir números, letras e caracteres especiais sempre que possível; escolher mais de oito caracteres e usar espaços ou traço de sublinhado [“underscores” (_)] para separar pequenas palavras; não usar a mesma combinação para vários websites; utilizar um programa gestor de passwords para controlar as diferentes senhas.
      A seguir fica a lista das 25 piores passwords de 2011 nos EUA:
 1. password
 2. 123456
 3. 12345678
 4. qwerty
 5. abc123
 6. monkey
 7. 1234567
 8. letmein
 9. trustno1
10. dragon
11. baseball
12. 111111
13. iloveyou
14. master
15. sunshine
16. ashley
17. bailey
18. passw0rd
19. shadow
20. 123123
21. 654321
22. superman
23. qazwsx
24. michael
25. football

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Inversões e Perversões

      «Hoje, o cidadão europeu vive refém (mas não está sozinho nessa condição) de uma quase-Idade Média: pairam sobre ele as trevas densas de um futuro incerto ao mesmo tempo que aceita passivo a imposição de uma escolástica arquitetada por governantes medíocres e coadjuvada por um séquito de académicos e de “opinion makers” adestrados, unidos no esforço conjunto de legitimação de um novo paradigma de governação: a Governação Reativa.
      A escolástica desta governação reativa é perigosa, na exata medida em que consegue conciliar a tacanhez das respostas governativas com a magnitude do futuro que nos espera, através do argumento falacioso de que é esse tipo de governação que pode antecipar e prevenir os males do futuro. Desta perversa dialéctica, resulta o estranho feito daquilo que é tacanho e reativo surgir afinal como arauto de visão.
      Do mesmo modo, quem ousa contestar, surge agora como egoísta (anti-patriótico, incapaz de solidariedade geracional; anti-europeu, anti-comunidade, enfim), inculto (desconhecedor da nova linguagem aristotélica de descodificação do universo: a economia) e, pasme-se, retrógrado (agarrado a ideários do passado de uma esquerda social ruinosa).
      A greve, por exemplo, direito político tradutor da democratização da própria democracia pela sua abertura à voz dos trabalhadores, emerge hoje aos olhos do cidadão incauto mas que se esforça por parecer sério, já não como símbolo de progresso democrático, mas como a última arma de velhos do Restelo agarrados ao seu “status” de conforto. De repente, fazer greve é uma vergonha, é coisa de pseudo-indignados com contas pagas pelos pais, de gente instrumentalizada por sindicatos e partidos de esquerda radical.
      O que outrora era ativo, tornou-se reativo neste discurso político de inversões e perversões da linguagem democrática. Na mesma linha, também a legitimidade da ação pública já não deriva do político mas do económico, ou seja, já não emana da vontade expressa dos cidadãos, mas de opiniões especulativas e subjectivas dos agentes de mercado. Veja-se o caso de Espanha: a legitimidade do governo de Mariano Rajoy está como que em suspenso, esperando a chancela, o aval final, dos mercados. A vontade popular está assim reduzida ao estatuto da menoridade.
      Igualmente, o debate, exercício nobre da vivência democrática, surge transfigurado, ora confundindo-se com o simples somatório de múltiplas opiniões individuais de “opinion-makers” que se replicam e repetem até à náusea nos media, ora confundindo-se com a ideia da discussão destrutiva, geradora apenas de impasses bloqueadores do suposto caminho certo a ser ordeiramente percorrido.
      Também os direitos sociais acusam o peso desta inversão da linguagem democrática. De árduas conquistas de gerações e gerações de cidadãos, aparecem como que a alcova de todas as preguiças, de todas as mordomias impunes de um funcionalismo público que, para todos os efeitos, passa a ser sinónimo apenas de ineficiência, incompetência e inutilidade.
      Eis-nos assim chegados ao estádio supremo do triunfo do poder suave do capitalismo. De facto, António Gramsci poderia hoje ver como estamos coletivamente empenhados na salvação do capitalismo por não sabermos já viver sem o conforto e bem-estar que este também nos proporciona. Lutamos assim pela manutenção do seu lado encantador, nem que isso implique acomodar-nos a uma nova linguagem do Político que em última instância põe em causa a própria democracia, e mesmo que em resultado apenas tenhamos, irónica e ingloriamente, o esvaziamento irremediável dos direitos que o capitalismo possibilitou por via das políticas sociais do Estado.
      Esta reflexão não se aplica a quem faz hoje greve no nosso País, mas precisamente a todos quantos em Portugal e na Europa insistem neste discurso deslegitimador das formas de luta tradicionais, e que do alto da sua suposta maturidade cívica e até intelectual, exasperam perante facto de as suas certezas sobre o nosso caminho não serem afinal unânimes evidências.»
      Acabas de ler a transcrição integral do artigo de opinião publicado ontem, dia 24-11-2011, dia de Greve Geral em Portugal, no jornal português com sede na cidade de Braga “O Correio do Minho”, com o título de “Inversões e perversões na nova linguagem do Político”, subscrito por Isabel Estrada Carvalhais, Professora de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minho, da mesma citada cidade.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Blogue em Greve

      Como forma de solidariedade com a Greve Geral que hoje ocorre em Portugal, este blogue está hoje também em greve.
      Volta amanhã.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

13 Perguntas Frequentes sobre Greve

      Está marcada para amanhã, dia 24 de novembro (quinta-feira), uma Greve Geral em Portugal, pelo que, de forma a esclarecer eventuais dúvidas dos trabalhadores portugueses, a seguir se respondem às 13 perguntas mais frequentes sobre esta greve.
      1 – Quem pode aderir à Greve Geral?
      Todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, membros ou não dos sindicatos que declaram greve, podem aderir à greve geral. O pré-aviso de Greve Geral abrange todos os trabalhadores do país.
      2 – Os que trabalham no setor privado, também podem fazer Greve?
      Todos os trabalhadores, independentemente da relação de emprego que tenham (Regime do Contrato de Trabalho em Funções Públicas, CAP, Contrato a Termo, Contrato Sem Termo/Tempo Indeterminado), seja numa instituição pública ou numa empresa privada, podem aderir à Greve Geral.
      3 – Os não sindicalizados também podem fazer greve?
      Podem pois. O direito à greve é um direito de todos os trabalhadores, sindicalizados ou não. Os trabalhadores não sindicalizados estão legalmente protegidos para fazer greve, com a única diferença de não estarem integrados numa organização sindical.
      4 – O trabalhador com um contrato a termo (vínculo precário), também pode fazer greve? Podem cessar-lhe o contrato?
      Pode fazer greve e, legalmente, o contrato não pode ser cessado em virtude disso. “É nulo e de nenhum efeito todo o ato que implique coação, prejuízo ou discriminação sobre qualquer trabalhador por motivo de adesão ou não à greve” (artº. 404º/RCTFP).
      5 – A pressão para não se aderir à Greve é legal?
      Nos termos do artº 404º/RCTFP, tal não é permitido. Mais, quem exerce a pressão/coação é suscetível de ser punido: constitui contra-ordenação muito grave o ato do empregador que implique coação do trabalhador no sentido de não aderir a greve, ou que o prejudique ou discrimine por aderir (artº. 540.º/CT).
      6 – Antes da greve, está o trabalhador obrigado a informar se adere ou não?
      Em termos legais, nenhum trabalhador está obrigado a informar previamente a sua decisão de aderir ou não à Greve.
      7 – Está o trabalhador legalmente obrigado a comparecer no seu serviço?
      Nos serviços sem obrigatoriedade de prestação de serviços/cuidados mínimos, nos termos do pré-aviso, o trabalhador não está legalmente obrigado a comparecer. Nos serviços onde têm que ser garantidos serviços/cuidados mínimos deve comparecer para os prestar (se for o caso) ou integrar o piquete de greve.
      8 – O que é o Pré-Aviso de Greve?
      Nos termos da Constituição e da Lei (artº. 396º/RCTFP) os sindicatos são obrigados a emitir Pré-Aviso de Greve, publicitado num órgão de comunicação social de expansão nacional. Este Pré-Aviso visa no essencial duas coisas: que as partes em conflito tentem ainda acordar soluções antes de efectivar a Greve; que os Serviços alvo da Greve se reorganizem (com as limitações decorrentes da Lei) para minimizar o impacto junto dos seus destinatários.
      9 – O que faz e quem constitui o Piquete de Greve?
      Piquete de Greve é constituído por todos os grevistas. O Piquete é constituído pelos grevistas que permanecem nos serviços a assegurar cuidados mínimos, pelos grevistas sediados na sala do piquete e pelos grevistas ausentes da entidade. O piquete visa, para além do levantamento rigoroso dos dados (escalados/aderentes), informar e esclarecer os grevistas sobre os motivos da greve e mesmo os não grevistas no sentido de aderirem à greve. Intervém junto das administrações para resolver problemas e presta informação e esclarecimento aos utentes através de ações planeadas para esse efeito.
      10 – Enquanto grevista, qual a subordinação hierárquica?
      Os grevistas estão desvinculados dos deveres de subordinação e assiduidade durante o período de Greve. A representação dos trabalhadores em greve é delegada, aos diversos níveis, nas associações sindicais, nas comissões sindicais e intersindicais, nos delegados sindicais e nos piquetes de greve. “A greve suspende, no que respeita aos trabalhadores que a ela aderirem, as relações emergentes do contrato, […] em consequência, desvincula-os dos deveres de subordinação e assiduidade” (artº. 398º/RCTFP) e os trabalhadores em greve são representados pelo Sindicato (artº. 394º/RCTFP).
      11 – A Administração pode substituir os grevistas?
      Não pode. “A entidade empregadora pública não pode, durante a greve, substituir os grevistas por pessoas que à data do aviso prévio não trabalhavam no respectivo órgão ou serviço, nem pode, desde aquela data, admitir novos trabalhadores para aquele efeito.” “A concreta tarefa desempenhada pelo trabalhador em greve não pode, durante esse período, ser realizada por empresa especialmente contratada para o efeito…” (artº. 397º/RCTFP).
      12 – Durante a Greve a Administração pode colher dados pessoais dos aderentes?
      Não pode. A Comissão Nacional de Proteção de Dados deliberou proibir, ao abrigo da alínea b) do nº. 3 do artº. 22º da Lei 67/98, qualquer tratamento autónomo de dados – recolha de tipo de vínculo/nome/n.º mecanográfico/outros dados similares – relativos aos aderentes à greve por constituir violação do disposto no art.º 13º e n.º 3 do 35º da CRP e nos n.ºs 1 e 2 do art.º 7º da Lei de Protecção de Dados Pessoais (Deliberação n.º 225/2007 de 28 de Maio).
      13 – Trabalhadores em Greve “rendem” trabalhadores não aderentes?
      Trabalhadores grevistas não rendem trabalhadores não grevistas. Os grevistas não têm o dever legal de render os não aderentes à greve.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Agência Espacial da América do Sul

      Os países membros da União das Nações Sul-americanas (Unasur) acabam de anunciar que pretendem criar uma agência espacial e vir a dispor de aviões não tripulados e de treino. “A ideia é aceder ao espaço o mais rapidamente possível, com um veículo lançador e satélites fabricados na América do Sul”, explicou o ministro argentino da Defesa, Arturo Puricelli, em Lima, no âmbito de uma reunião dos ministros da Defesa da Unasur.
      “Temos o exemplo da União Europeia que tem uma agência espacial. Deveremos fazer convergir os nossos esforços para diminuir os custos, melhorar as nossas capacidades de aceder ao espaço”, acrescentou o responsável, sublinhando que a agência terá fins “fundamentalmente pacíficos”.
      Estas medidas fazem parte do plano de ação para 2012 do Conselho de Defesa da Unasur, organização da qual fazem parte Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O Fim das Pilhas Elétricas?

      E se as pilhas elétricas ou baterias recarregáveis deixassem de ser necessárias e existisse antes um dispositivo que absorvesse a energia radiada no ambiente?
      Ricardo Fernandes, um mestrando da Universidade de Aveiro (Portugal) foi recentemente premiado pelo centro Fraunhofer Portugal devido ao desenvolvimento de um dispositivo de comunicação que captura e armazena energia necessária à comunicação e gravação de dados.
      O protótipo apresentado no Fraunhofer Challenge 2011 pelo Ricardo é um dispositivo “relativamente pequeno, reconfigurável e capaz de receber e transmitir informação sem fios”. Em vez de uma bateria, “o protótipo inclui um sistema que lhe permite absorver a energia radiada por um emissor RF”. Este conceito de captar energia do meio ambiente só por si “já é muito interessante”, mas o trabalho serviu para demonstrar que, “de facto, pode ser implementado na prática, com bons resultados”, garante o investigador.
      Ricardo diz que o dispositivo pode ser usado para múltiplos fins, como, por exemplo, “colocar eletrónica sem bateria dentro de objetos (como uma mesa ou uma cadeira) durante o processo de fabrico, o que faria com que cada objeto pudesse ter a sua própria identificação eletrónica e fazer parte de uma rede local (sem fios) de objetos. Considerando essa rede local e outras semelhantes ligadas à internet, o resultado seria uma rede de objetos à escala global”.
      Nos próximos passos da investigação, Ricardo pretende “abordar a questão da existência de vários sistemas de recolha de energia diferentes no mesmo dispositivo” e da “localização de objetos em espaços interiores feita de forma totalmente passiva”.

domingo, 20 de novembro de 2011

Cegos e Loucos

      «É o mal destes tempos: os loucos guiam os cegos.»
      in “O Rei Lear” por
      William Shakespeare (1564-1616)
      Poeta e dramaturgo inglês considerado como o maior escritor da língua inglesa.

sábado, 19 de novembro de 2011

O Tempo do Medo

          A democracia tem medo de recordar,
          E a linguagem tem medo de dizer.
          Os civis têm medo dos militares.
          Os militares têm medo da falta de armas.
          As armas têm medo da falta de guerras.
          É o tempo do medo.
     “El Tiempo del Miedo” (O Tempo do Medo), é o tema inserido no álbum “Mejor que el silencio” de Nach (antes conhecido como Nach Scratch) (Ignacio Fornés Olmo), um MC espanhol que vive na cidade de Alicante, cidade onde também nasceu, em 1974, e ainda se licenciou, em sociologia, na universiade da mesma cidade. Atualmente é um dos “rapers” mais veteranos e populares da cena espanhola.
      A seguir fica a letra do tema, em castelhano (espanhol), cuja primeira estrofe acima ficou traduzida e a afinal podes ouvir o tema no vídeo aqui também publicado.

La democracia tiene miedo de recordar,
y el lenguaje tiene miedo de decir.
Los civiles tienen miedo a los militares.
Los militares tienen miedo a la falta de armas.
Las armas tienen miedo a la falta de guerras.
Es el tiempo del miedo.
Es el tiempo del miedo, lo guía gris desdes el suelo,
miedo de otros hombres por su raza, por su credo.
Tenemos miedo a triunfar, miedo del fracaso,
de andar entre callejones donde se oyen pasos.
Miedo a lo desconocido, miedo a vernos deprimidos,
a darnos por vencidos, perder los seres queridos.
Miedo a que nos quiten algo, miedo a caer mal,
a ver cada vez más cerca el día del funeral.
Miedo a que una bomba nuclear nos queme en el acto,
a que cerca del hogar pueda explotar un artefacto.
Miedo a perder el trabajo, miedo a coger un atajo,
a que nuestros hijos reciban un navajazo.
Miedo intermitente cuando el ambiente es urgente,
cuando vez que alguien se gira y te mira fíjamente.
Miedo a estar eternamente en paro,
miedo a aquel que va en el autobús, sentado a tu lado, vistiendo raro.
Miedo, que nos atrapa y nos convierte en víctimas,
así amenaca a nuestra propia identidad,
tan asustados queriendo apartar,
lo que pueda dar nuestro bienestar.
Vivimos en un mundo rápido, hicimos del temor un hábito,
intenso pálpito, presos de un esquizo vértigo.
El miedo es el veneno que nos matará.
Tenemos miedo al cambio, y a la inseguridad,
miedo al infarto del miocardio, miedo a la soledad.
Tenemos miedo a la muerte, tenemos miedo a la vida,
miedo a ser inferiores, no cumplir la expectativa.
Miedo a nuestros pensamientos, a espacios abiertos,
miedo a tener algo que esconder y ser descubiertos.
Tenemos miedo al recordar el pasado,
miedo del futuro si el presente nos tiene cansados.
Miedo a no ser aceptados por el resto, miedo a nuestro estrés,
miedo a ser víctimas de un secuestro exprés.
Miedo a que llegue la noche, miedo a dejar de ser joven,
miedo a comprar un buen coche y que nos lo roben.
Miedo a que el CO2 provoque cancer en el globo,
miedo a que un tsunami arrase con todo.
Miedo al apagón que nos entierre como larvas,
miedo a perder la calma, miedo a las casas sin alarma.
Quién quiere conocer el miedo.
El miedo mata a la mente.
El miedo es la pequeña muerte que crece
hasta llevarnos a la destrucción total.
Afrontaré mi miedo.
Permitiré que pase sobre mí y a través de mí.
Y cuando haya pasado, seguiré firme mi camino.
Miedo a que nos diagnostiquen enfermedad terminal,
miedo a tener que dormir sin Valium ni Lorazepam.
A trasar un plan que luego falle,
miedo a de que aquellos que no tienen miedo vengan y nos callen.
Miedo a tener sueños sin saber a dónde irán,
miedo al qué dirán, miedo al radical talibán de Irán.
Miedo a ser un Don Nadie, miedo a ser un líder,
a que un virus se propague por el aire y nos liquide.
Miedo a hablar en público, a hacer el ridículo,
miedo al querer madurar y ver que solo andas en círculo.
A ser típico y mediocre,
miedo al ver pasar el tiempo y ver que siempre serás pobre.
Presos porque ese miedo nos convierte en inestables,
marionetas inquietas manipulables..
Culpables por caer en esa fobia destructiva,
prefiero vivir sin miedo y ser libre de por vida.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Occupy Wall Street

      Na noite de ontem (17NOV) milhares de pessoas participaram numa manifestação de ocupação da ponte de Brooklyn (Nova Iorque) que marcou o segundo mês de existência do movimento "Ocupar Wall Street".
      Durante a tarde, os ativistas tentaram bloquear o acesso à Bolsa de Nova Iorque, impedindo o seu funcionamento. A polícia prendeu cerca de 250 manifestantes para evitar a ação e permitir pelo menos a passagem dos funcionários. Pelo menos 7 polícias ficaram feridos. O chefe da polícia de Nova Iorque informou que 5 agentes foram atingidos com "um líquido na cara", e que outro teve de ser cosido numa mão devido a um corte provocado por uma garrafa partida.
      A jornada de protestos contra a ganância do sistema financeiro foi marcada também por manifestações em cidades como Los Angeles, Las Vegas, Boston, Washington, Dallas, e Portland.
      Na última terça-feira (15NOV), uma ação policial retirou à força manifestantes que estavam acampados há dois meses no Parque Zuccotti, também em Nova Iorque, após uma ordem do presidente da câmara, Michael Bloomberg, que alegou razões sanitárias e de segurança.
      «Somos indestrutíveis, um mundo diferente é possível.» Assim, cantava a multidão sobre a ponte, uma das construções mais emblemáticas de Nova Iorque, enquanto os motoristas buzinavam para mostrar apoio.
      «Isto tem a ver com justiça económica e social e não nos podem tirar isso com 400 polícias de choque.» Assim o afirmava Andy, um jovem estudante acabado de sair da cadeia, antes do início da marcha sobre a ponte.
      Um ponto alto do protesto ocorreu quando a manifestação atingiu o meio da ponte, na altura do arranha-céus da Verizon, considerado o edifício mais feio da cidade. Nessa altura, começou uma projeção gigante sobre as paredes do prédio onde se podia ler: “Somos os 99%”, “Ocupar Wall Street”, “Ninguém nos consegue parar”, “Outro mundo é possível”. Vê estas imagens no vídeo abaixo.
      Na próxima segunda-feira (21NOV), o movimento anuncia oficialmente uma iniciativa de recolha de um milhão de assinaturas de estudantes dispostos a não pagar os empréstimos universitários até que se façam reformas no sistema financeiro. A dívida média de um estudante que se licencia em Nova Iorque é de 25 mil dólares.
 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A Extinção das Ervas Marinhas

      As ervas marinhas estão a desaparecer um pouco por todo o mundo. De acordo com uma pesquisa mundial, as espécies mais comuns estão em declínio e 14% em risco de extinção.
      As ervas marinhas são as únicas plantas que estão adaptadas ao meio marinho. Formam grandes pradarias que florescem e libertam as suas sementes debaixo de água.
      Estas plantas fornecem alimento e habitat para uma grande variedade de espécies incluindo tartarugas, cavalos-marinhos, dugongos e manatins. Também contribuem para a manutenção da robustez dos recifes de corais e mangueais.
      Frederick Short, da Universidade de Hampshire nos Estados Unidos, é o diretor da SeagrassNet, um programa de monitorização internacional de ervas marinhas que acompanha 114 locais distribuídos pelo Mundo. Segundo este professor, estas plantas já desapareceram de quase todas as linhas de costa junto a aglomerados urbanos devido à poluição, dragagem de areias, sedimentação excessiva provocada pela desflorestação e excesso de nutrientes provenientes das águas residuais urbanas e da agricultura.
      Das 72 espécies de ervas-marinhas, 10 enfrentam um risco significativo de extinção. “Fiquei surpreendido (…) por descobrir que a biodiversidade de ervas-marinhas está sobre maior perigo do que pensava”, refere Short. Este cientista alerta que estas plantas não enfrentam apenas uma perda de habitat mas também de diversidade.
      O declínio das ervas marinhas acarreta perigos para todas as outras espécies que dependem direta ou indiretamente delas. “As ervas marinhas são (…) parte de uma rede de alimento vasto que fornece comida a muitos organismos nas zonas costeiras, incluindo muitas espécies importantes a nível comercial."
      Os resultados do estudo foram publicados na revista Biological Conservation.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Atacada Pela Própria Mão

      A americana Karen Byrne, de 55 anos, sofre de uma síndrome rara chamada “Síndrome da Mão Alheia”.
      Esta doença é, no entanto, fascinante, não somente por ser tão estranha, mas também por ajudar a explicar algo surpreendente sobre como os nossos cérebros funcionam.
      Uma das mãos parece ter vida própria como se de outra pessoa fosse. Enquanto Karen falava a mão esquerda começou a despi-la, desabotoando os botões sem que a própria disso se apercebesse, até que lhe disseram. «Comecei a abotoar a camisa novamente com a mão direita, mas assim que eu terminei, a mão esquerda começou a desabotoar de novo. Eu acendia um cigarro, colocava-o no cinzeiro e a minha mão esquerda atirava-o fora. Ela tirava coisas da minha mala sem que eu percebesse. Perdi muitas coisas até que eu percebesse o que estava a acontecer.»
      Em algumas ocasiões a mão esquerda chegou a dar-lhe chapadas, sem controlo. Ela conta que o seu rosto chegava a ficar inchado com tantos golpes.
      O problema de Karen foi provocado por uma luta por poder dentro da sua cabeça. Um cérebro normal é formado por dois hemisférios que comunicam entre si através do corpo caloso.
      O hemisfério esquerdo, que controla o braço e a perna direitos, tende a ser onde residem as habilidades linguísticas. O hemisfério direito, que controla o braço e a perna esquerdos, é mais responsável pela localização espacial e pelo reconhecimento de padrões. Normalmente o hemisfério esquerdo, mais analítico, domina e tem a palavra final nas acções que desempenhamos. A descoberta do domínio hemisférico tem a sua raiz nos anos 1940, quando os cirurgiões decidiram começar a tratar a epilepsia com o corte do corpo caloso. Após a recuperação, os pacientes pareciam normais. Mas nos círculos psicológicos tornavam-se lendas, isso porque esses pacientes revelariam, com o tempo, algo que parece incrível – que as duas metades do nosso cérebro têm cada uma delas uma espécie de consciência separada. Cada hemisfério é capaz de ter a sua própria vontade independente.
      O síndrome de Karen surgiu após ter passado por uma cirurgia, aos 27 anos, para controlar a sua epilepsia, diagnosticada 10 anos antes. A cirurgia para curar a epilepsia normalmente envolve identificar e depois cortar um pequeno pedaço do cérebro no qual os sinais eléctricos anormais se originam. Quando isso não funciona, ou quando a área danificada não pode ser identificada, os pacientes precisam de passar por uma solução mais radical. No caso de Karen, o seu cirurgião cortou o seu corpo caloso; um feixe de fibras nervosas que mantém os dois hemisférios do cérebro em permanente contacto.
      O corte do corpo caloso curou a epilepsia de Byrne, mas deixou-a com um problema totalmente diferente. Ela conta que inicialmente tudo parecia bem, mas que os médicos começaram a notar um comportamento extremamente estranho, isto é, como se tivesse dois cérebros independentes.
      Roger Sperry, um neurobiólogo, fez muitas experiências para provar a tese dos hemisférios incomunicáveis. Num estudo particularmente notável, que filmou, é possível ver um dos pacientes com o cérebro dividido a tentar resolver um quebra-cabeças. O quebra-cabeças exigia o rearranjo de blocos para que estes correspondessem a padrões numa imagem. Primeiro o homem tentou resolver o quebra-cabeças com a sua mão esquerda (controlada pelo hemisfério direito), com bastante sucesso. De seguida, Sperry pediu ao paciente que usasse a sua mão direita (controlada pelo hemisfério esquerdo). Essa mão e hemisfério claramente não tinham nenhuma ideia de como fazê-lo. A mão esquerda então tentou ajudar, mas a mão direita parecia não querer ajuda, então terminaram a discutir como se fossem duas crianças.
      Experiências como essa levaram Sperry a concluir que «cada hemisfério é um sistema de consciência isolado, percebendo, pensando, lembrando, raciocinando, querendo e emocionando-se. Em 1981 Sperry recebeu um prémio Nobel pelo seu trabalho. Numa ironia cruel do destino, já sofria então de uma doença degenerativa do cérebro, chamada “Kuru”, provavelmente contraída nos seus primeiros anos de pesquisas com cérebros.
      A maioria das pessoas que tiveram os seus corpos calosos cortados parecem normais posteriormente mas Karen Byrne teve azar. Após a operação, o lado direito do seu cérebro recusava-se a ser dominado pelo lado esquerdo. Ela sofreu da Síndrome da Mão Alheia durante 18 anos até que os médicos encontraram uma medicação que parece ter trazido o lado direito do seu cérebro de volta ao controlo.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Smartphone Transformado em Satélite

      O primeiro “smartphone” transformado em satélite deverá ser colocado em órbita ao nosso planeta no próximo ano.
      Os responsáveis pelo projeto “STRaND-1” visam tirar partido das características dos telefones de nova geração, usando-os para captar imagens da Terra a partir do Espaço.
      «A maneira mais barata de explorar o Espaço pode ser usar um “smartphone”. Porque não? Tem sensores, câmara, GPS, armazenamento de dados, bússolas. Juntem-lhe um painel solar e têm um sistema de controlo por satélite viável.», assim o afirmam os investigadores do “Surrey Space Centre” e engenheiros do “Surrey Satellite Technology Ltd (SSTL)”, no Reino Unido.
      A equipa, que procurava formas de explorar o Espaço com um baixo orçamento, recorreu a um telefone Google Nexus One, que foi transformado num nano-satélite de 34x10 x10cm2, que será colocado em órbita com o propósito de recolher fotos da Terra.
      O lançamento do primeiro equipamento está marcado para o início de 2012, seguindo-se um longo processo de testes ao equipamento em Terra.
      «Estamos mesmo a tentar testar os limites. Se forem tão robustos como nós pensamos que são – as pessoas deixam-nos cair, deixam-nos expostos ao sol… – será que podem funcionar no Espaço? É o ambiente mais hostil que conhecemos.»
      «A indústria dos “smartphones” já gastou milhões nestes equipamentos e nós estamos a tentar aproveitar alguma dessa tecnologia para os nossos satélites, para perceber se funciona e se isso pode ajudar a reduzir o tamanho e custo dos nossos satélites.»
      Mais info na seguinte ligação:
http://www.sstl.co.uk/divisions/earth-observation-science/science-missions/strand-nanosatellite

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Facebook é uma Atividade de Risco?

      O juiz presidente do Tribunal Constitucional da Alemanha considerou, em declarações prestadas a uma revista alemã, que a utilização do Facebook é uma «atividade de risco», devido à falta de proteção dos dados publicados no sítio pelos membros daquela rede social.
      Disse ainda que «existe um grave desequilíbrio entre o poder da empresa, cujos servidores se encontram fora da Alemanha, e os estados federais, cujos organismos judiciais têm competências fragmentárias em matéria de protecção de dados», pelo que, no caso alemão em concreto, o referido juiz (Andreas Vosskuhle) alerta também para o facto de que desta forma os cibernautas locais correm o risco de não ter a quem se queixar quando necessário.
      Estas declarações são a mais recente polémica que envolve a rede social que tem vindo a ser bastante criticada devido a questões que envolvem a proteção dos dados dos utilizadores.

domingo, 13 de novembro de 2011

Da Democracia

      «É a democracia, tal como a conhecemos, a melhor possibilidade em matéria de governo?
      Não é possível dar um passo mais em direção ao reconhecimento e à organização dos direitos do homem?
      Nunca poderá haver um Estado realmente livre e iluminado até que não se reconheça o indivíduo como poder superior independente, de quem deriva e a quem lhe cabe a sua própria autoridade, e, em consequência, lhe dê o tratamento correspondente.»
      Henry David Thoreau (1817-1862)
      Autor estadunidense, poeta, naturalista, ativista anti-impostos, crítico da ideia de desenvolvimento, pesquisador, historiador, filósofo, e transcendentalista. Mais conhecido pelo livro “Walden”, uma reflexão sobre a vida simples cercada pela natureza, e pelo ensaio “Desobediência Civil”, uma defesa da desobediência civil individual como forma de oposição legítima frente a um Estado injusto.

sábado, 12 de novembro de 2011

A Revolução no Cancro

      O Centro de Investigação para o Desconhecido da Fundação Champalimaud, em Lisboa, dedicado ao cancro e às neurociências, foi inaugurado há cerca de 1 ano.
      Acaba de ser anunciado que esta Fundação disporá no próximo ano de um equipamento de radioterapia que pode eliminar qualquer tipo de cancro numa única sessão, mesmo com o tumor já espalhado e em cerca de 10 minutos.
      O equipamento é uma novidade e é praticamente único no Mundo. Para já esta máquina existe apenas na Suécia, França, Itália e nos Estados Unidos. Fará radioterapia de dose única, tratamento que requer um elevado nível de precisão e que poderá ser feito em poucos minutos e sem qualquer toxicidade para o doente.
      "É o mais avançado equipamento no mundo. Será absolutamente único em Portugal e, na Europa, há muito poucos. Mas a máquina que chegará em Dezembro [de 2011] vai ser equipada com ferramentas especiais que a tornam mesmo única no mundo", afirma o director da área do cancro da Fundação Champalimaud.
      As metástases significam 90% das causas de morte por cancro e a resposta da comunidade médica nestes casos passa muito pelos cuidados paliativos. Esta técnica de radioterapia de dose única, disponível para tratamento no final do primeiro trimestre de 2012, vem permitir tratar muitos dos casos de cancro com metástases, sobretudo os menos disseminados.
      Trata-se de uma radioterapia por imagem guiada, em que se faz uma TAC e o tratamento em simultâneo, que exige um elevado nível de precisão para que a dose única seja aplicada no local adequado e se torne suficiente.
      "Já testámos este equipamento e esta técnica na Universidade de Pisa, em Itália, e os resultados foram surpreendentes. Tem é de ser administrada uma dose suficientemente forte para erradicar o tumor. E já provámos que funciona em qualquer tipo de cancro, mesmo num dos mais resistentes à quimioterapia ou radioterapia, como o do rim", explicou Carlo Greco.
      O responsável da Fundação Champalimaud vinca mesmo que um estudo demonstrou uma taxa de sucesso de 80% deste tipo de tratamento nos casos de cancro dos rins. "É uma revolução", resume, assegurando que é indolor, se elimina a toxicidade e se consegue fazer o tratamento "de olhos fechados" demorando menos de um quarto do tempo do que as sessões convencionais de radioterapia.
      Ou seja, em 10 minutos consegue-se o mesmo do que com a cirurgia, mas permitindo ao doente ir para casa de seguida e sem risco de morte. A vantagem, segundo o especialista, é que este método permite tratar várias lesões numa mesma e única sessão: "Podemos finalmente oferecer aos doentes metastáticos, mais do que uma esperança, uma realidade, sem dor e sem invasão".
      Contudo, a radioterapia de dose simples requer uma equipa estruturada e investigação em patologia molecular, para que se estude cada caso e a dose certa a dar em cada tipo de cancro. "Isto significa uma medicina personalizada. Selecionamos a dose conforme a histologia e a genética de cada pessoa. Só pode ser executado por uma equipa multidisciplinar", comenta.
      Carlo Greco espera vir a receber doentes de hospitais portugueses e também de qualquer país da Europa ou do mundo: "Queremos abrir as portas a todos".