sábado, 12 de novembro de 2011

A Revolução no Cancro

      O Centro de Investigação para o Desconhecido da Fundação Champalimaud, em Lisboa, dedicado ao cancro e às neurociências, foi inaugurado há cerca de 1 ano.
      Acaba de ser anunciado que esta Fundação disporá no próximo ano de um equipamento de radioterapia que pode eliminar qualquer tipo de cancro numa única sessão, mesmo com o tumor já espalhado e em cerca de 10 minutos.
      O equipamento é uma novidade e é praticamente único no Mundo. Para já esta máquina existe apenas na Suécia, França, Itália e nos Estados Unidos. Fará radioterapia de dose única, tratamento que requer um elevado nível de precisão e que poderá ser feito em poucos minutos e sem qualquer toxicidade para o doente.
      "É o mais avançado equipamento no mundo. Será absolutamente único em Portugal e, na Europa, há muito poucos. Mas a máquina que chegará em Dezembro [de 2011] vai ser equipada com ferramentas especiais que a tornam mesmo única no mundo", afirma o director da área do cancro da Fundação Champalimaud.
      As metástases significam 90% das causas de morte por cancro e a resposta da comunidade médica nestes casos passa muito pelos cuidados paliativos. Esta técnica de radioterapia de dose única, disponível para tratamento no final do primeiro trimestre de 2012, vem permitir tratar muitos dos casos de cancro com metástases, sobretudo os menos disseminados.
      Trata-se de uma radioterapia por imagem guiada, em que se faz uma TAC e o tratamento em simultâneo, que exige um elevado nível de precisão para que a dose única seja aplicada no local adequado e se torne suficiente.
      "Já testámos este equipamento e esta técnica na Universidade de Pisa, em Itália, e os resultados foram surpreendentes. Tem é de ser administrada uma dose suficientemente forte para erradicar o tumor. E já provámos que funciona em qualquer tipo de cancro, mesmo num dos mais resistentes à quimioterapia ou radioterapia, como o do rim", explicou Carlo Greco.
      O responsável da Fundação Champalimaud vinca mesmo que um estudo demonstrou uma taxa de sucesso de 80% deste tipo de tratamento nos casos de cancro dos rins. "É uma revolução", resume, assegurando que é indolor, se elimina a toxicidade e se consegue fazer o tratamento "de olhos fechados" demorando menos de um quarto do tempo do que as sessões convencionais de radioterapia.
      Ou seja, em 10 minutos consegue-se o mesmo do que com a cirurgia, mas permitindo ao doente ir para casa de seguida e sem risco de morte. A vantagem, segundo o especialista, é que este método permite tratar várias lesões numa mesma e única sessão: "Podemos finalmente oferecer aos doentes metastáticos, mais do que uma esperança, uma realidade, sem dor e sem invasão".
      Contudo, a radioterapia de dose simples requer uma equipa estruturada e investigação em patologia molecular, para que se estude cada caso e a dose certa a dar em cada tipo de cancro. "Isto significa uma medicina personalizada. Selecionamos a dose conforme a histologia e a genética de cada pessoa. Só pode ser executado por uma equipa multidisciplinar", comenta.
      Carlo Greco espera vir a receber doentes de hospitais portugueses e também de qualquer país da Europa ou do mundo: "Queremos abrir as portas a todos".

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