quarta-feira, 26 de maio de 2010

Suicidios na fábrica do iPhone

      A fábrica chinesa que produz os iPhone está a pedir aos trabalhadores que assinem declarações nas quais prometem não se suicidar e aceitam o seu internamento em instituições se vierem revelar um “estado mental ou físico anormal”.

      A fábrica chama-se Foxconn e na sequência da onda de suicídios que já se revelou fatal para 10 operários, obriga agora os sobrevivos a assinarem o texto, tendo ainda colocado redes de segurança em redor dos edifícios da unidade fabril para dissuadir os operários suicidas.
      As autoridades de Shenzhen, na província de Guangdong, designaram já uma equipa de polícias e médicos para investigar as tentativas de suicídio e a sua ligação com as regras internas da Foxconn, estilo de gestão e cultura empresarial.
      A onda de suicídios gerou suspeitas de maus-tratos a milhares de operários na China, especialmente aos que trabalham na Foxconn, acusada de submeter os trabalhadores a jornadas longas, salários baixos e elevada pressão psicológica.
      A situação levou a empresa a realçar por várias vezes que oferece refeições, dormida e chuveiros aos operários e que construiu piscinas e salas de leitura para o usufruto dos mesmos.
      O jornal South China Morning Post, de Hong Kong, entrevistou alguns operários e estes dizem coisas como:
      “Trabalho como uma máquina"
      "O ambiente no local de trabalho é de tanta pressão e deprimente que não somos autorizados a falar com os nossos colegas nas 12 horas de trabalho sob pena de sermos punidos pelos nossos supervisores, só temos 30 minutos para almoçar e não podemos demorar mais do que 10 minutos na casa de banho".
      "Sinto que tenho uma vida vazia e que trabalho como uma máquina".
      Assim se lamentam os operários que auferem cerca de 200 euros mensais, ou seja, o equivalente ao preço (em dólares americanos) do iPhone com 32GB produzido pela Foxconn.
      As entradas da fábrica estão fechadas e vigiadas por guardas e encontram-se avisos que alertam para a punição dos que tentarem entrar sem autorização.
      Activistas de Hong Kong anunciaram esta semana que planeiam lançar em Junho um boicote mundial ao novo iPhone da Apple fabricado pela Foxconn em Shenzhen, o maior produtor mundial de componentes electrónicos, como consolas de jogos e computadores de marcas como a Sony, Nokia e Dell.
      As famílias dos operários que se suicidaram desde o início do ano na fábrica da Foxconn, em Shenzhen, no Sul da China, vão receber cerca de 13 mil euros de compensação.
      O presidente do grupo Hon Hai Precision, que detém a fábrica, disse lamentar ter falhado na prevenção das mortes na unidade fabril, que alberga cerca de 400 mil trabalhadores, e garantiu que a empresa vai reforçar o apoio aos operários e prestar maior atenção à sua saúde psicológica, afastando as suspeitas de maus-tratos na fábrica e defendeu que os suicídios poderão estar relacionados com problemas pessoais dos trabalhadores, já que a maioria tem entre 17 e 24 anos e está longe de casa, pois são muitos os que se deslocam do interior da China para encontrarem um trabalho que sustente a família.

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