segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Múmias na Radiologia

      Na semana passada, num laboratório radiológico de Lisboa, uma equipa de técnicos passou a analisar, pela primeira vez, as 3 múmias do Museu Nacional de Arqueologia (Portugal), usando tecnologia moderna para reconstruir digitalmente as imagens dos corpos mumificados.

      O Lisbon Mummy Project tem por objetivo um estudo científico, inédito em Portugal, que consiste na análise radiológica (não-destrutiva por Raios-X, assegurada por equipa do IMI - Imagens Médicas Integradas) – de três múmias egípcias humanas do espólio do museu.
      Os exames de tomografia, feitos com equipamentos de última geração, permitem "fatias" de um quarto de milímetro, que são depois reconstituídas num todo a três dimensões, dando uma ideia concreta dos corpos mumificados, das ligaduras que os envolvem, sem sequer ser preciso tocar-lhes ou mesmo abrir os sarcófagos.
      O egiptólogo Luís Araújo, do Instituto de Estudos Orientais da Faculdade de Letras de Lisboa, disse que uma das maiores curiosidades relativamente ao interior dos sarcófagos é saber se entre as ligaduras estão "amuletos", cuja qualidade poderá determinar a importância das pessoas embalsamadas na sociedade egípcia. Segundo explicou, era costume colocar um amuleto de um escaravelho, um símbolo sagrado, sobre o coração dos mortos.
      Em relação a dois dos corpos que estão dentro de sarcófagos, sabe-se os seus nomes – Pabasa e Irtieru – inscritos no exterior e o terceiro é de um sacerdote.
      O egiptólogo explica que "a religião egípcia inventou a ideia de imortalidade e através deste processo de embalsamamento fez dos homens deuses. Toda esta gente ia para o além convencida de que ia viver eternamente. Para isso era preciso tratar bem do corpo, robustecê-lo magicamente, profilaticamente com estes amuletos.”
      "Centenas de milhares de imagens" recolhidas por TAC ficarão disponíveis e permitirão "fazer estudo durante anos", podendo ser trabalhadas por investigadores de várias áreas, afirmou Carlos Prates, indicando que parte do "fascínio" destes exames é o facto de estas serem "das últimas múmias descobertas há muito tempo que nunca foram estudadas".
      Através da análise detalhada dos resultados poder-se-á calcular a idade, possíveis patologias, doenças profissionais, estilo de vida, etc., podendo até realizar-se uma reconstrução facial.
      E que fazem estas múmias egípcias em Portugal?
      As múmias chegaram a Portugal num navio alemão que atracou em Lisboa durante a Primeira Guerra Mundial e foi arrestado pelas autoridades portuguesas depois de uma denúncia da embaixada inglesa sobre a presença de armas a bordo.

Sem comentários:

Enviar um comentário