quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Crianças Fazem Satélite

      As crianças alunas do quinto ano de uma escola brasileira, inspiradas pelo seu professor de matemática, estão a construir um satélite artificial que será colocado ainda este ano em órbita.

      Os construtores do satélite são agora um grupo de professores e 120 estudantes do quinto ano da Escola Municipal Tancredo Neves, de Ubatuba (litoral norte paulista), patrocinados com empresários e pesquisadores voluntários.
      O professor de matemática Cândido Osvaldo de Souza, em fevereiro de 2010, leu numa revista de divulgação científica que uma empresa dos Estados Unidos (a Interorbital), vendia kits de satélites chamados “TubeSats”, que permaneciam em órbita a 300 quilómetros de altitude durante três meses.
      O professor pensou logo em construir e lançar um desses satélites e os alunos aprovaram de imediato o seu plano, mesmo sabendo que teriam de enfrentar muitas dificuldades, logo a começar, dispor dos 8 mil dólares para comprar o kit.
      Conseguiu-se o patrocínio de empresas locais que cobriram as despesas. Depois, como só podia enviar o dinheiro à empresa nos Estados Unidos através de uma fundação. Conversou com os dirigentes da escola, com os políticos da cidade e conseguiu transformar a Associação de Pais e Mestres numa fundação. Conseguiu também uma licença do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão federal sediado em São José dos Campos, interior paulista, que constrói e gere satélites no Brasil.
      Aos poucos, o professor Souza conseguiu o apoio de outros professores, que, por sua vez mobilizaram os estudantes de todas as classes e promoveram um concurso para selecionar a mensagem que o satélite deve emitir nos três meses em que estiver em órbita.
      A equipa trabalha agora nos dispositivos eletrónicos do interior do satélite, tendo recebido os componentes e as instruções para montar os protótipos e a versão definitiva. Vendo que precisava de ajuda, Souza procurou uma empresa de robótica e desenvolvimento de software sediada na cidade de São Paulo.
      “Criamos a placa Ubatubino, que pode ser reutilizada para outras funções e as próprias crianças podem fabricar, usando programas de fonte aberta e material simples, como um ferro de passar roupa”, diz um dos professores. “As crianças estão fazendo pequenos computadores, com capacidade similar aos que os astronautas usaram na década de 1960 quando pousaram na Lua. É totalmente viável construirmos satélites educacionais inteiramente no Brasil, sem depender de importações, e promover, por exemplo, competições entre escolas.”
      A edição de janeiro da revista SatMagazine, especializada em satélites, citou o trabalho realizado em Ubatuba: “O TubeSats já é parte do currículo de universidades e escolas ao redor do mundo. Talvez o mais ambicioso projeto esteja no Brasil em um programa no qual 120 estudantes criaram 22 maquetes do TubeSats em sala de aula. Os alunos que construírem as melhores maquetes ganharão a honra de montar o TubeSat orbital real”.

Sem comentários:

Enviar um comentário