Uma equipa internacional de investigadores analisou, pela primeira vez, todo o ADN de um gorila que depois comparou parcialmente com o dos humanos, chimpanzés e orangotangos o que permitiu tirar conclusões relativamente à separação das espécies durante a evolução, indicando que os humanos e chimpanzés divergiram dos gorilas há 10 milhões de anos de estes divergiram entre si há 6 milhões de anos.
A sequenciação do genoma humano foi, em traços gerais, concluída em 2003, embora a sequência do último cromossoma só tenha sido publicada em 2006, e abriu caminho a uma abordagem diferente da tradicional no que diz respeito ao estudo das origens e evolução humana que envolve a análise do registo fóssil, e que passa pela comparação das características do genoma humano com as do genoma dos nossos parentes mais próximos, os Grandes Símios.
O genoma do chimpanzé foi sequenciado em 2005 e o do orangotango em 2011, ficando apenas a faltar o do gorila, algo que foi agora finalmente terminado, sendo publicado na revista Nature os resultados do estudo que não só analisa de forma exaustiva todo o ADN de um gorila-terras-baixas-Ocidental (Gorilla gorilla gorilla), como o compara, parcialmente, com o dos humanos, chimpanzés e orangotangos, e com o da outra espécie de gorila, o gorila-das-terras-baixas-oriental (Gorilla gorilla graueri).
O trabalho foi levado a cabo por uma vasta equipa internacional de investigadores liderada especialistas do Sanger Institute (Hinxton, Reino Unido) e permitiu não só resolver questões antigas, como a data da divergência das diferentes espécies de Grandes Símios, mas questionar hipóteses previamente estabelecidas.
Com efeito, os resultados do estudo confirmam que a divergência da linhagem dos chimpanzés e humanos da dos gorilas aconteceu há 10 milhões de anos, e sugerem que a divergência de humanos e chimpanzés, que tem sido muito debatida – com o registo fóssil a datá-la em 7 milhões de anos, ao passo que os estudos moleculares a apontar para 4,5 milhões de anos – terá ocorrido há 6 milhões de anos.
Por outro lado, a investigação revelou que 15% do genoma dos humanos é mais parecido com o dos gorilas do que o dos chimpanzés, e que parte desses genes evoluíram mais rapidamente do que o esperado. Alguns destes genes estão relacionados com a audição dos humanos, e pensava-se que estariam relacionados com a evolução da fala, uma característica única dos humanos, algo que é agora posto em causa pela revelação de que os mesmos genes também evoluíram mais depressa nos gorilas.
Por fim, os autores do estudo concluem que a separação entre as duas espécies de gorila aconteceu há 1,75 milhões de anos, mas que terá havido cruzamentos posteriormente, havendo ainda provas de que a espécie de gorila-das-terras-baixas-oriental terá sofrido uma redução populacional acentuada a certa altura da história evolutiva, que terá resultado numa diminuição significativa da sua diversidade genética, o que sugere que essa característica, que se mantém na atualidade, não é recente, como se pensava.
Podes ver o artigo completo na revista Nature na seguinte ligação:
http://www.nature.com/nature/journal/v483/n7388/full/nature10842.html
sexta-feira, 23 de março de 2012
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