sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Aves Mortas

      Nos últimos dias vimos algumas notícias sobre aves mortas, designadamente, a primeira, numa cidade no Arkansas (EUA), onde, na noite de passagem de ano, caíram milhares de pássaros do céu, repetindo-se o fenómeno dias depois nos estados do Kentucky e do Louisiana e, mais recentemente, idêntica notícia chega da Suécia.

      A notícia revela o espanto, pela grande quantidade de pássaros mortos e a averiguação veterinária para possível contaminação ou outros motivos, como as aventadas descargas elétricas na atmosfera.
      Os ornitólogos vêm explicar que este tipo de acidentes mortais em bando são, afinal, "comuns" e ocorrem em todas as partes do mundo desde sempre, devido a fenómenos naturais como o clima, ou por culpa do homem, quando perturba os animais e os leva a situações de risco, o que parece ser o caso das notícias.
      No Arkansas, os cerca de 3000 pássaros mortos da espécie tordo-sargento colidiram contra os edifícios, carros e outras infra-estruturas por se terem assustado com os fogos de artifício do Ano Novo. Este tipo de pássaros não voa no escuro. Passam as noites em grupos de milhares em abrigos considerados seguros e não saem de lá a menos que sejam obrigados.
      Foi o fogo-de-artifício que os fez abandonar os seus refúgios, situados em árvores perto da cidade. Para além disso, houve uma tempestade na área. A visibilidade era má e o vento forçou estas aves a voar a baixas altitudes. O resultado foi fatal: todo o bando de pássaros assustados colidiu com as casas.
      Esta é a explicação da autoridade máxima ornitológica dos EUA, a Audubon Society, numa nota que regista o resultado da autópsia. Na verdade, os vizinhos da cidade norte-americana deram o alerta: "Nós ouvimos os fogos de artifício e um minuto depois as aves colidiram nas janelas", afirma um deles.
      A explicação chega quando o assunto começou a gerar uma febre de avistamentos de pássaros mortos. Após o incidente no Arkansas foram relatados bandos mortos em diversos outros locais. Alguns fóruns discutem até teorias apocalípticas.
      O facto é que o relevo dado pelos jornalistas, no dia de Ano Novo, aquando da primeira notícia, e que foi uma das histórias mais noticiadas e lidas no dia, fez com que houvesse comunicação de outros casos semelhantes que, noutras circunstâncias, sem o sensacionalismo noticioso, nunca se teria falado, assim se gerando um certo histerismo teológico-apocaliptico-estúpido.
      Os especialistas afirmam que os bandos podem ser afectados por fenómenos naturais como uma tempestade, um congelamento ou uma tempestade de granizo mas que, para além disso, são comuns as mortes por colisão com infra-estruturas, tais como cabos ou edifícios de vidro que confundem os pássaros com os reflexos da luz.
      Pese embora a maioria das aves não voar na noite, quando o fazem, ou aquelas que o fazem, têm apenas as luzes das estrelas e da lua como referência, pelo que é muito normal chocarem contra arranha-céus que tenham luzes no seu interior, tal como, durante o dia, o reflexo do céu limpo leva a crer que não existe vidro.
      Os especialistas dizem, por fim, que todas essas coisas acontecem constantemente e desde sempre mas que geralmente não são notícia.

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