sábado, 15 de outubro de 2011

Mineiros Chilenos

      Fez agora um ano que foram resgatados os 33 mineiros que, durante mais de dois meses, ficaram presos numa mina do Chile.
      Após este ano e o apagão mediático, o que é feito daqueles 33 homens elevados à categoria de heróis por todos os meios de comunicação de massas?
      A maioria está desempregada e sofre de stresse pós-traumático.
      Dos 33 mineiros, apenas quatro voltaram a trabalhar em minas e dois tornaram-se comerciantes de frutas e vegetais.
      Durante 69 dias o resgate dos mineiros foi acompanhado pelas televisões do mundo inteiro. Os mineiros chilenos saltaram de debaixo da terra diretamente para as luzes dos holofotes e foram tratados como heróis, antes e depois de terem saído da mina.
      Depois do resgate, os mineiros beneficiaram de apoio de vários quadrantes da sociedade. Um magnata chileno da indústria mineira deu mais de oito mil euros a cada um, a dois que estavam noivos ofereceu duas casas e ajudou um deles, que encontrou a mulher com outro homem, a receber ajuda psiquiátrica. Agora, um ano depois, já sem as luzes dos holofotes televisivos ou dos flashes das máquinas fotográficas, já com a atenção do público virada para outros acontecimentos igualmente rentáveis para os próprios meios de comunicação de massas, as ofertas de marcas e de pessoas individuais terminaram e a maior parte desses homens estão desempregados e mais pobres do que estavam antes de se tornarem celebridades.
      Um deles, Edison Peña, que está sob acompanhamento psiquiátrico, resume o sentimento que lhes é comum quando afirma: «fizeram-nos sentir que éramos heróis, para agora acabarmos a vender amendoins».
      As luzes dos mass media iluminam ou cegam?

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