sábado, 7 de janeiro de 2012

Tornar-se Invisível ?

      Físicos norteamericanos apoiados pelo Pentágono acabam de anunciar que desenvolveram um sistema de «invisibilidade temporal» capaz de tornar um acontecimento indetetável durante uma ínfima fracção de segundo.
      Esta possibilidade, ainda experimental, de invisibilidade inspirou-se nas pesquisas que há muito se realizam na obtenção de uma espécie de «capa da invisibilidade» popularizada pela saga literário-cinematográfica juvenil de Harry Potter. No caso, em vez de esconder um objeto no espaço, esconde-se no tempo.
      «Os nossos resultados representam um passo significativo para a obtenção de uma capa espácio-temporal completa», assim o diz Moti Fridman, da Universidade Cornell de Nova Iorque, no estudo publicado na revista científica Nature.
      A descoberta dos físicos explora o facto de que as frequências da luz se moverem a velocidades ligeiramente diferentes. Essa capa de invisibilidade temporal começa com a difusão de um raio de luz verde por um cabo de fibra ótica. Este raio atravessa uma lente que o divide em duas frequências distintas: uma luz azul que se propaga um pouco mais rápido que o raio verde original e outra vermelha, ligeiramente mais lenta. A minúscula diferença da velocidade entre os dois raios obtidos é aumentada pela interposição de um obstáculo transparente. É criada, assim, uma espécie de «lacuna temporal» entre os raios vermelho e azul que viajam pela fibra ótica.
      Um intervalo pequeno, de apenas 50 milésimos de nanossegundos, é suficiente para intercalar uma descarga de laser de frequência diferente da luz que passa pela fibra ótica. Depois dessa descarga, os raios vermelhos e azuis sofrem um tratamento inverso: um novo obstáculo acelera o vermelho e desacelera o azul e uma lente reconstitui os dois feixes para produzir um único raio verde. Esse feixe de laser, de 40 milésimos de nanossegundos, não faz parte do fluxo de fotões da luz reconstituída e por isso é indetetável.
      A experiência assemelha-se a uma passagem de nível que corta uma estrada muito movimentada, comentaram Robert Boyd e Zhimi Shi, engenheiros óticos da também nova-iorquina Universidade de Rochester. Quando chega um comboio, os carros param, o que provoca um «buraco» no fluxo de tráfego. Quando o comboio passa, os veículos aceleram até alcançar os que os antecedem. Para um observador, o fluxo de circulação parece normal já que não há nenhuma prova da passagem das carruagens pelo cruzamento.
      A próxima etapa para os pesquisadores é ampliar este intervalo temporal que esconde o acontecimento, destacaram Boyd e Shi. Mas consideram que esta invisibilidade temporal poderia ter aplicações imediatas para garantir as comunicações porque o procedimento permite fracionar os sinais óticos e fazê-los viajar a velocidades diferentes antes de reuni-la, o que dificulta muito a interceptação de dados.
      A pesquisa é financiada em parte pela DARPA, uma agência do Departamento de Defesa Americano dedicada a desenvolver tecnologias futuristas que podem ter usos militares.

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