Dimitris deixou um bilhete a justificar o seu ato desesperado: “Não vejo outra solução senão esta forma digna de pôr fim à minha vida, para não acabar a vasculhar nos caixotes do lixo para me sustentar.”
No bilhete, Dimitris chama ainda ao executivo de Lucas Papademos “governo Tsolakoglou” – adjectivação pouco abonatória, tendo em conta que Giorgios Tsolakoglou foi primeiro-ministro do governo colaboracionista grego durante a ocupação nazi do país na Segunda Guerra Mundial e diz: «O governo “Tsolakoglou” aniquilou todas as minhas possibilidades de sobrevivência, que assentava numa pensão muito digna que eu sozinho paguei durante 35 anos sem ajuda do Estado. E como a minha idade avançada não me permite reagir dinamicamente (embora se um companheiro grego quisesse agarrar numa Kalashnikov eu seguisse logo atrás), não vejo outra solução senão esta forma digna de pôr fim à minha vida.»
Dimitris era um farmacêutico reformado, casado e pai de uma filha.
No bilhete terminou com um vaticínio: “Acho que os jovens sem futuro um dia pegarão em armas e enforcarão os traidores deste país na Praça Sintagma, como os italianos fizeram com Mussolini em 1945.”
Para além dos protestos imediatos em solidariedade com Dimitris, das mais diversas áreas se ouviram comentários como: “Não era este homem que devia ter-se suicidado. Deviam ser esses políticos que conscientemente levaram a Grécia a ser esmagada por este vício.” ou “Temos vindo a assistir ao longo deste tempo ao aumento dramático dos suicídios no nosso país, fruto das políticas financeiras vergonhosas seguidas.”

Sem comentários:
Enviar um comentário