quarta-feira, 2 de maio de 2012

Há Cada Vez Menos Estrelas

      David Sobral está a liderar uma equipa de astrónomos na Universidade de Leiden (Holanda) numa investigação que, através de um método inovador, mostra que “as galáxias no Universo inteiro formam cada vez menos estrelas”. 
      Segundo o investigador português, “utilizando melhores telescópios é possível detetar fontes extremamente ténues, cuja luz demorou milhares de milhões de anos a chegar até nós e, por isso, dá-nos a possibilidade de observar galáxias jovens tal como eram há muitos milhares de milhões de anos”. 
      No entanto, existe a dificuldade de medir distâncias até essas fontes e por isso “há uma incerteza enorme” no quão para trás no tempo se está a olhar quando se estuda galáxias longínquas. 
      É neste ponto que o método proposto pela equipa liderada pelo jovem cientista se destaca: “Através da combinação de dois filtros estreitos [em dois telescópios], capazes de identificar riscas espectrais características de galáxias com formação estrelar a uma distância particular no Universo, é agora possível fazer “scans” eliminando incertezas, obtendo uma informação “stereo” e em horas ou uma a duas noites, ao contrário das centenas de noites previamente necessárias”.
      Assim, para além de mostrar que “a técnica é um sucesso” e que a combinação de dois telescópios e dos dois filtros, um em cada telescópio, é “extremamente eficaz”, os resultados da investigação permitem obter uma “excelente determinação da história” da formação estelar do Universo. 
      Os nossos resultados mostram de forma inequívoca que a atividade de formação estelar no Universo como um todo tem estado a diminuir desde pelo menos os últimos 11 mil milhões de anos”, constata David Sobral. Isto significa, por exemplo, que “as estrelas “maduras” que hoje vemos na nossa galáxia foram maioritariamente formadas no passado distante”. 
      De acordo com o investigador, “se a taxa de formação estelar no Universo continuar a diminuir tal como o tem feito nos últimos 11 mil milhões de anos, a quantidade de estrelas no Universo como um todo está neste momento muito perto do máximo possível”. Isto é, “mesmo que esperemos muitos milhares de milhões de anos mais, parece que o Universo só conseguirá ter cerca de cinco por cento mais estrelas do que aquelas que já existem atualmente”.

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