quarta-feira, 13 de junho de 2012

Rio+20 e a Cúpula dos Povos

      Começa hoje no Rio de Janeiro (Brasil) a cimeira-conferência das Nações unidas (ONU), denominada: “Rio+20” e, em paralelo, decorrerá, também no Rio de Janeiro, outra cimeira-conferência, denominada: “Cúpula dos Povos”.  
      A Cimeira tem já 20 anos a por na agenda mundial a necessidade de novos modelos de desenvolvimento. Este ano, após os 20 anos, parece ter chegado a altura de fazer um balanço e olhar para o futuro, que não parece lá muito brilhante, em termos de desenvolvimento sustentável.  
      Se em algumas áreas foram registados progressos, como o abastecimento de água, investimento em energias renováveis, saúde pública e qualidade de vida das populações, em outras ainda não existem soluções definidas, como: a perda da biodiversidade, desflorestação, sobrepesca, cidades demasiado grandes para uma população cada vez maior, etc.  
      Mais uma vez estes assuntos serão debatidos, o que não significa, no entanto, que o resultado seja um consenso entre países, com expressão num documento final. O principal objetivo da conferência é acordar um documento que perspetive as relações internacionais, a economia, o emprego, e diversos temas críticos como o clima, a alimentação, a água, os oceanos, as cidades, entre outros, numa filosofia de desenvolvimento sustentável.  
      As discordâncias entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento são, mais uma vez, o obstáculo para a formulação de um compromisso global. Apenas 20 por cento do documento, negociado desde janeiro e que será discutido na cimeira, “recebe consenso de todas as partes.  
      Muitos parágrafos do documento final têm duas alternativas equacionadas, uma suportada pelos EUA, Canadá e Japão, e outra pelo denominado G77, países em desenvolvimento, incluindo a China. A União Europeia tem também alterações propostas e sugestões, mas não originando posições tão opostas e conflituantes.  
      O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, apelou na semana passada que os governos mostrassem mais flexibilidade, ao indicar que os problemas do futuro do planeta devem sobrepor-se aos interesses nacionais ou aos interesses de grupos.  
      A crise económica e financeira que assola a Europa não poderia faltar à Rio+20, uma vez que a economia também cabe debaixo do guarda-chuva do desenvolvimento sustentável e a situação económica debilitada de muitos países pode ser um entrave para decisões fortes noutras áreas. A crise económica costuma pesar mais do que a crise ambiental e também social, o que pode cercear uma mudança de rumo do desenvolvimento para as próximas décadas.
      A organização quer envolver ao máximo a sociedade civil na discussão, sendo esperada a participação de mais de 50 mil pessoas. «O documento elaborado na Rio+20 será aprovado entre governos, mas queremos ter o máximo de sugestões e informações de todos os setores da sociedade», declarou em comunicado o diplomata Laudemar Aguiar, responsável pela logística da conferência.  
      O culminar da discussão acontece entre os dias 20 e 22 de junho com a reunião de líderes políticos e representantes das Nações Unidas. A organização da Rio+20 já recebeu 134 pedidos de inscrições para discursos de chefes de Estado ou de Governo. Delegações de 176 países vão marcar presença.  
      Em simultâneo com a Rio+20, decorre a Cúpula dos Povos, um evento paralelo à conferência, que quer expressar o descontentamento da sociedade civil e espera receber mais de 15 mil participantes no Parque do Flamengo, também no Rio de Janeiro.  
      “Vemos a Rio+20 sem esperanças, sem uma vontade política de mudar as coisas por parte dos países”, disse Bazileu Alves Margarido, da ONG Instituto Democracia e Desenvolvimento Sustentável.
      A Cúpula dos Povos é realizada por 200 organizações ambientais e sociais de todo o Mundo. Cerca de 600 atividades, entre debates, manifestações e espetáculos, vão marcar o evento paralelo que tem como mote o convite: “Venha mudar o mundo”.  
      Mais informação sobre a Cúpula dos povos em: http://cupuladospovos.org.br/

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