quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Tragédia Invisível

      Morreram ontem na Tanzânia 43 indivíduos etíopes e somalis, sufocados até à morte dentro de um camião que os levava para a África do Sul.  
      Uma semana antes, 47 migrantes tinham morrido afogados no Lago Malawi.  
      Ao largo da Austrália, as autoridades conseguiram salvar 130 das cerca de 150 pessoas que seguiam a bordo de uma embarcação apinhada que naufragou na quarta-feira.  
      Uma semana antes, 90 refugiados originários de países como o Afeganistão, o Sri Lanka e o Irão não conheceram a mesma sorte nas águas do Índico.  
      Estes são apenas os quatro mais recentes incidentes graves a envolver emigrantes e refugiados transportados ilegalmente, mas as notícias repetem-se quase diariamente, desenhando os contornos de uma tragédia global, porém quase invisível, senão mesmo invisível para os media das massas.  
      A Europa continua a estar na linha da frente do flagelo. Segundo dados compilados pela rede europeia da ONG United, mais de 14000 pessoas morreram ao tentar chegar a este continente desde 1998. O ano de 2011 foi fatídico, com a Primavera Árabe tanto a empurrar milhares de refugiados para Norte como a levar ao colapso das estruturas de dissuasão até ali existentes em países como a Tunísia e a Líbia. Pelo menos 2000 pessoas morreram naquele período no Mediterrâneo.  
      Longe das manchetes, há também registo de dezenas de mortes nos campos minados da fronteira greco-turca ao longo da última década, bem como de centenas de vítimas de acidentes, fome, frio ou homicídio nos confins da União Europeia. Como ao largo do território ultramarino de Mayotte onde, segundo o Senado francês, outras 4500 pessoas morreram desde 2001.

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