sexta-feira, 13 de julho de 2012

Primeiro Lobo Restituído à Liberdade

      Há cerca de três meses o Hospital Veterinário da universidade de Vila Real (Portugal) recebeu e tratou um lobo ferido apanhado numa armadilha ilegal.  
      O lobo, com cerca de 1 ano de idade e mais de 30 kg chegou muito debilitado, depois de ter sido encontrado preso por uma pata num laço usado na caça ilegal.  
      O lobo chegou muito assustado e não comia. Os médicos veterinários esforçaram-se por salvar a pata do animal e passados cerca de 5 dias voltou a comer.  
      Embora inicialmente não houvesse sinais de gangrena na pata ferida (a pata direita traseira) o que afastava a hipótese da amputação, por fim verificou-se a necessidade de lhe amputar a pata.  
      O contacto com os humanos foi restringido ao mínimo. O animal ficou numa jaula própria para lobos e só via os médicos durante os períodos de alimentação e medicação.  
      A devolução à Natureza do lobo estava dependente da sua recuperação e adaptação à nova circunstância de ter a pata amputada. Os médicos ponderavam o regresso ao seu habitat natural ou à sua inclusão num centro de recuperação de animais ou ser utilizado para educação ambiental.
      O lobo acaba de ser restituído à Natureza e constitui um caso único, o primeiro, em Portugal. Até agora nunca antes tinha sido libertado nenhum lobo em Portugal.  
      Este caso, para além de ser o primeiro tem ainda a particularidade e responsabilidade acrescida de ser a de um animal que sai não totalmente recuperado mas com uma incapacidade motora.  
      Apesar da incapacidade, o lobo teve uma boa recuperação clínica da lesão, fez uma boa cicatrização, aumentou de peso, ganhou robustez e manteve a sua agilidade. Além disso, durante todo o período de cativeiro conseguiu-se um contacto mínimo com as pessoas e, nesses momentos, de tratamentos e intervenções, o animal esteve sedado. Concluiu-se assim que o lobo estaria em condições de sobreviver de forma autónoma e optou-se pela sua libertação.  
      A libertação ocorreu perto do local onde o lobo foi encontrado e o animal ficou equipado com um emissor GPS, que vai possibilitar fazer a sua monitorização e que vai fornecer informações sobre a sua atividade, sobrevivência e integração na alcateia de onde se pensa que é originário.  
      Sabe-se já que percorreu alguns quilómetros mas que ainda não é muito significativo, pois ainda está numa fase de exploração e reconhecimento do território do qual esteve ausente.  
      Um responsável pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas afirmou que a utilização de armadilhas de caça são: «Mais do que ilegal, é insustentável e imoral. Atua indiferenciadamente sobre todo o tipo de animais, quer sejam selvagens ou domésticos. Importa erradicar este tipo de atuações, nomeadamente quando estamos a falar de espécies extremamente ameaçadas, como é o caso do lobo, que tem uma intervenção muito significativa nos fenómenos de auto-regulação dos territórios onde se inserem, gerindo melhor as populações de presas.» 
      Este responsável, José Paulo Pires referiu ainda que, neste momento, a população lupina está mais ou menos estável em Portugal, estimando-se que existam cerca de 300 lobos a Norte do rio Douro.  
      Nos últimos anos, o Centro de Recuperação de animais Selvagens da Universidade de Trás-os-Montes e alto Douro, tratou cerca de 200 animais selvagens, sendo 90% aves e quase todos os casos relacionados com a atividade humana, como tiros, atropelamentos, cativeiros, venenos e eletrocussão. Cerca de 70% dos animais tratados são devolvidos à Natureza.

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