quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Revolução Cultural Chinesa

      Num dia como o de hoje (16 de maio), do ano de 1966, Mao Tsé-Tung lança o conhecido “Aviso do 16 de Maio”, dando início à “Revolução Cultural Chinesa”, assim conhecida mas de seu nome completo e original “Grande Revolução Cultural Proletária”. 
      Esta revolução, foi uma profunda campanha político-ideológica levada a cabo desde 1966 e até 1969, na República Popular da China, pelo então líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-tung, cujo objetivo era neutralizar a crescente oposição que lhe faziam alguns setores menos radicais do partido, em face do fracasso do plano económico denominado “Grande Salto Adiante” (1958-1960), cujos efeitos acarretaram a morte de milhões de pessoas devido à fome generalizada, fato conhecido como A fome de 1958-1961 na China. 
      Esta campanha de eliminação dos opositores teve vários episódios de violência, principalmente instigada pela Guarda Vermelha, guarda esta composta por grupos de jovens, quase adolescentes, oriundos dos mais diversos setores (militares, camponeses, estudantes, elementos do partido, governo, etc.) que, organizados nos chamados comités revolucionários, atacavam todos aqueles suspeitos de deslealdade política ao regime e à figura e ao pensamento de Mao, a fim de consolidar (ou restabelecer) o poder do líder onde fosse necessário. Estes jovens seguiam com rigor as citações/orientações gerais de Mao compiladas no “Livro Vermelho”. 
      Os alvos da Revolução foram inicialmente os membros do partido mais alinhados com o Ocidente ou com a União Soviética, funcionários burocratas, e, sobretudo, intelectuais, a revolução pautava-se também por um grande anti-intelectualismo, uma vez que na intelectualidade se encontravam alguns dos potenciais inimigos da revolução. O ensino superior foi praticamente desativado no país.
      Incidental ou intencionalmente, o movimento acabou enfraquecendo os adversários de Mao e representou uma depuração partidária, contra o revisionismo que se insinuava. O processo foi oficialmente terminado por Mao, durante o IX Congresso do Partido Comunista da China em abril de 1969. Todavia, especialistas afirmam que ele durou, de facto, até à morte de Mao, em 1976, e a subida ao poder de Deng Xiaoping, então Secretário-Geral do Partido, o qual, gradualmente, deu início às mudanças nos rumos políticos e económicos do país. 
      Pouco depois da morte de Mao, os membros do grupo denominado Grupo dos Quatro (composto por Jiang Qing, esposa do líder falecido, Zhang Chunqiao, Wang Hongwen e Yao Wenyuan) são presos sob a acusação de terem cometido excessos por ocasião da implementação e consolidação da Revolução Cultural, bem como de ambicionarem tomar o poder. 
      Ou seja, a Revolução Cultural, de revolucionária só teve o nome, e de cultural só o pretexto tático inicial, uma vez que foi uma luta pelo poder travada na cúpula entre um punhado de indivíduos, por trás de uma cortina de fumo de um pretenso movimento de massas fictício. 
      A questão de como uma luta pelo poder atingiu níveis tão elevados de violência e desordem social tem intrigado os historiadores e especialistas em psicologia de massas e têm sido publicados inúmeros estudos académicos, tanto na China como fora dela, que tentam dar explicações sobre as causas dos acontecimentos daqueles conturbados anos. 
      A ilustração abaixo representa a Guarda Vermelha em ação revolucionária com o Livro Vermelho de Mao e foi retirada de um compêndio dos alunos da escola primária daqueles anos. Note-se que, na escola primária, os alunos têm entre 6 a 10 anos. 

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